Revelada “relação clara” entre perda de habitat e risco de doenças em coalas



Cientistas revelam que há uma “relação clara” entre os níveis de stress que os coalas (Phascolarctos cinereus) sofrem devido à perda de habitat e a sua suscetibilidade à contração de doenças como a clamídia.

Liderada pela Universidade de Queensland (Austrália), a investigação debruçou-se sobre populações de coalas que vivem na região oriental do estado australiano de Queensland e na costa norte da Nova Gales do Sul.

Num artigo publicado esta semana na revista ‘Journal of General Virology’, os investigadores sugerem que a degradação ou perda de habitat pode aumentar o stress nos coalas, com uma subida dos níveis da hormona cortisol nos seus organismos. Os coalas com mais cortisol, segundo das análises que fizeram, são os que têm maiores quantidades de retrovírus KoVR, um grupo de vírus específico dos coalas.

O KoVR, tal como o HIV nos humanos, enfraquece o sistema imunitário desses mamíferos marsupiais nativos das florestas australianas. Como tal, torna-nos mais vulneráveis a infeções como a clamídia, que tem devastado as populações selvagens dessa espécie.

Assim, traça-se uma ligação direta entre o stress causado pela perda de habitat e a exposição a doenças potencialmente fatais, que podem pôr em causa a sobrevivência dos coalas na Natureza, já considerados vulneráveis à extinção na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza.

“Confirmámos que as maiores ameaças enfrentadas pelos coalas, a perda de habitat e as doenças, estão relacionadas”, declara, citada em comunicado, Michaela Blyton, primeira autora do estudo.

“Isto é muito importante para saber como melhorar o apoio às populações de coalas que restam”, acrescenta.

A investigadora explica que em muitos coalas os níveis de KoVR se mantêm relativamente estáveis ao longo das duas vidas, e que mesmo que um animal tenha sido tratado com sucesso da infeção por clamídia, os níveis de KoVR não reduzem. Por isso, refere, é a subida do KoVR que aumenta a suscetibilidade à clamídia e não o contrário.

Assim, a equipa considera que é urgente reduzir os níveis de stress dos coalas através da proteção e preservação dos seus habitats, para que não haja aumentos dos níveis de KoVR e, consequentemente, maior risco de contraírem doenças.

“Quanto olhamos para estratégias de conservação de coalas, temos de adotar uma abordagem holística, porque doenças e fatores ambientais estão relacionados”, sublinha Blyton.

De recordar que este mês de setembro foi, pela primeira vez no mundo, aprovada uma vacina para proteger os coalas contra infeções e mortes causadas pela clamídia.

Desenvolvida pela Universidade da Sunshine Coast, a aprovação da vacina pelo órgão regulador de medicamentos veterinários da Austrália é um passo importante na luta contra uma das maiores ameaças à sobrevivência a longo prazo do icónico marsupial do país.






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