COP30: Timor Leste quer continuar a usar petróleo e gás mas caminhar para renováveis



O enviado especial e embaixador para os Assuntos Climáticos de Timor-Leste disse hoje à Lusa que o país quer continuar a utilizar petróleo e gás para “reconstruir a nação”, mas também criar bases para as energias renováveis.

“O petróleo e o gás são uma das nossas principais fontes económicas, por isso continuaremos a usá-los para reconstruir a nossa nação, e estamos a criar caminhos no sentido de utilizar tecnologias de energia renovável para alcançar um equilíbrio interno”, afirmou Adao Soares Barbosa, durante a Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP30), que decorre na cidade amazónica brasileira de Belém.

Adao Soares Barbosa sublinhou que Timor-Leste tem “o direito ao desenvolvimento”, sendo um “país novo e tem o direito de desenvolver o seu próprio modelo de desenvolvimento, aproveitando o petróleo e o gás que possui atualmente, aplicando-os, para questões de erradicação da pobreza”.

O responsável timorense defendeu também que os países desenvolvidos devem “assumir a liderança” no combate às alterações climáticas e cumprir os compromissos financeiros assumidos em conferências anteriores, recordando que Timor-Leste contribui com apenas 0,003% das emissões globais.

Segundo o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2026 do Governo de Timor-Leste, o petróleo continuará a ser uma prioridade: Para o setor do petróleo e recursos minerais, o OGE 2026 disponibiliza uma dotação de 194,1 milhões de dólares (166,2 milhões de euros) para o projeto Tasi Mane, avanços técnicos e empresariais no Greater Sunrise, a transição do Bayu Undan e estudos geológicos.

O enviado especial defendeu que os países desenvolvidos “precisam de assumir a liderança” e afirmou que “não é correto que Timor-Leste tenha de contribuir para o financiamento climático”, lembrando que o país é responsável por apenas 0,003% das emissões globais.

O representante timorense recordou que, na COP29, foi prometido um financiamento climático de 1,3 biliões de dólares, para além de 300 mil milhões de dólares por ano até 2035.

“Estamos aqui para que seja tomada uma decisão sobre a plena operacionalização de um novo objetivo coletivo quantificado alcançado na COP29 e para negociar com os nossos parceiros algum tipo de contribuição dos países desenvolvidos e de outras partes para os fundos de resposta a perdas e danos”, frisou.

Representantes de 170 países participam desde segunda-feira na COP30, sendo a primeira vez que a conferência climática se realiza na maior floresta tropical do planeta, um ecossistema vital para a regulação da temperatura global, mas também um dos mais ameaçados pela desflorestação e pela mineração ilegal.

As negociações prolongar-se-ão até ao dia 21, com possibilidade de se estenderem por mais alguns dias, em Belém, cuja preparação para esta COP30 foi marcada por graves problemas logísticos e pelos preços exorbitantes dos hotéis, que limitaram a estrutura das delegações presentes.






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