Moçambique precisa de 32 mil ME para evitar mais 1,6 milhões na pobreza até 2050



O Governo moçambicano precisa de 32 mil milhões de euros para “alcançar a resiliência climática” no país até 2030, sob pena de mais 1,6 milhões serem “empurradas para a pobreza”.

O alerta surge na Estratégia Nacional de Financiamento Climático (ENFC) para o período 2025 a 2034, aprovada pelo Governo e que entrou em vigor em 06 de novembro, a que a Lusa teve hoje acesso, refletindo “uma visão comum da sociedade moçambicana” e “reconhecendo o financiamento climático como fundamental para o desenvolvimento sustentável do país”.

“A necessidade de mobilizar financiamento é reforçada pelo facto de só para a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) (versão 2.0) o país necessitar de 7,6 mil milhões de dólares [6,5 mil milhões de euros] entre 2021 e 2025, estimando-se que até 2025 apenas 24% das necessidades financeiras poderão ser mobilizadas”, lê-se no documento.

As NDC são planos climáticos nacionais com os esforços de cada país para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e na adaptação aos impactos das mudanças climáticas.

O Governo acrescenta na ENFC que “este ‘gap’ financeiro evidencia a urgência de intensificar os esforços de mobilização de recursos” e que “com a transição para a NDC, versão 3.0 e subsequentes, as necessidades financeiras deverão aumentar, tornando ainda mais premente o fortalecimento dos mecanismos de financiamento climático”.

“Por outro lado, estima-se que serão necessários 37,2 mil milhões de dólares [32 mil milhões de euros] até 2030 para alcançar a resiliência climática do capital humano, físico e natural de Moçambique. Caso esses investimentos para fazer face aos impactos das mudanças climáticas não se efetivem, mais 1,6 milhões de pessoas poderão ser empurradas para a pobreza até 2050”, aponta ainda a ENFC.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais.

Só entre dezembro e março passados, na última época das chuvas, Moçambique foi atingido por três ciclones, incluindo o Chido, o primeiro e mais grave, no final de 2024, com registo de quase 200 mortos.

O número de ciclones que atingem o país “vem aumentando na última década”, assim como a intensidade dos ventos, alerta-se no relatório do Estado do Clima em Moçambique 2024, do Instituto de Meteorologia de Moçambique, divulgado em março.

Os fenómenos meteorológicos extremos provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique, entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.






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