John Kerry urge presidência da COP31 a tentar consenso entre principais poluidores



O antigo secretário de Estado norte-americano John Kerry urgiu ontem a Austrália, que vai liderar as negociações da COP31 em 2026, a reunir os 25 países mais poluidores do mundo para alcançar um consenso sobre alterações climáticas.

Num evento ontem em Londres sobre liderança climática, organizado pelo centro de estudos Chatham House, Kerry defendeu que a “presidência da COP precisa de chamar à mesa [das negociações] essas 20 a 25 nações que são responsáveis por quase 90% de todas as emissões”.

“Se essas 25 se reunissem e chegassem a um acordo sobre um roteiro a seguir, poderíamos certamente vencer esta batalha” de travar o aquecimento global, disse.

Mesmo assim, reconheceu, o mundo falharia a meta de limitar o aquecimento global aos 1,5 graus centígrados em relação à era pré-industrial.

A 31.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP31) está prevista realizar-se na Turquia, em novembro de 2026, mas Ancara aceitou partilhar a responsabilidade com a Austrália, dando a Camberra a responsabilidade pelas negociações oficiais.

O antigo enviado especial dos EUA para as Alterações Climáticas adiantou que, “se o mundo cumprir todos os compromissos” assumidos nas conferências de Paris [COP21 em 2015], Glasgow [COP26 em 2021] e Sharm Al-Sheikh [COP27 em 2022], seria possível manter o aumento da temperatura da Terra em 1,6 graus.

O antigo secretário de Estado, conhecido pelo ativismo ambiental, deixou críticas ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por ter saído duas vezes do Acordo de Paris, fazendo os EUA passarem de líder a “negacionista, mentiroso e divisionista”.

Kerry lamentou que os 194 países participantes na COP30, que terminou no sábado no Brasil, não se tenham entendido para manter na declaração final o compromisso adotado no Dubai em 2023 de abandonar os combustíveis fósseis e atingir a neutralidade carbónica em 2050.

Mesmo assim, recusou baixar os braços “na corrida para mitigar e evitar as piores consequências climáticas”.

“Não podemos voltar atrás. Simplesmente não temos margem para isso. Permitir um novo paradigma, em que os grandes poluidores se unem para evitar a responsabilização, foi o que aconteceu e é o que tem acontecido”, vincou.

A COP30, que decorreu em Belém, no Brasil, terminou no sábado com um acordo, mas sem qualquer referência direta aos combustíveis fósseis, reconhecidos como a principal causa das alterações climáticas.

Apesar de o Presidente brasileiro, Lula da Silva, ter proposto antes da COP30 a aprovação de um roteiro para o abandono dos combustíveis fósseis, ideia que teve o apoio de mais de 80 países, a referência aos combustíveis fósseis foi retirada do acordo final devido à pressão dos países árabes, Rússia, Índia e China.






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