Electricidade produzida por fontes renováveis bateu recorde na primeira metade de 2013



A produção total de energia eléctrica a partir de fontes renováveis atingiu níveis recorde no primeiro semestre de 2013, chegando a 72% (um aumento absoluto de 34% em relação aos 38% verificados no período homólogo de 2012). Os dados são da REN (Redes Energéticas Nacionais.               

Segundo a Quercus, este aumento deveu-se, por um lado, à “significativa potência instalada de renováveis, mas principalmente às condições climáticas verificadas, num ano que até agora tem sido mais húmido do que o normal, permitindo um maior recurso à utilização de energia hídrica” –e também mais ventoso, resultando numa maior produção eólica.

A produção da electricidade de origem renovável em regime especial (a PRE-FER, que representa toda a produção renovável excepto a grande hídrica) aumentou, tendo sido responsável por 49% de toda a electricidade produzida em Portugal Continental entre Janeiro e Junho de 2013.

Na electricidade de origem fóssil, houve um recuo no uso de carvão da ordem dos 22%, o que, aliado ao muito maior peso da produção renovável, conduziu a uma redução de emissões entre os dois primeiros semestres de 2012 e 2013 de cerca de 1,9 milhões de toneladas de dióxido de carbono (25% inferior em 2013 comparando com os primeiros seis meses de 2012).

“Apesar das centrais a carvão apresentarem baixos níveis de eficiência energética e elevadas emissões de dióxido de carbono (CO2) por kWh produzido, o elevado excedente de licenças de emissão de CO2 à escala europeia, resultante em parte da crise económica, traduz-se num preço do carbono muito mais baixo do que seria expectável”, explica a Quercus.

Na verdade, isto diminui os custos de utilização destas centrais, favorecendo-as em relação às centrais de ciclo combinado a gás natural, muito mais eficientes, com menores impactes ambientais e quase paradas nos últimos meses. De destacar ainda que Portugal exportou mais 50% de electricidade do que importou, o que é uma situação completamente contrária à verificada em 2012.

Consumo de electricidade diminui mas não tanto como PIB

Enquanto ao longo de 2012 houve uma redução do consumo de electricidade da ordem de 2,8% em relação ao ano anterior, no primeiro semestre de 2013 a redução foi menos acentuada (-1,7%, por comparação com igual período de 2012), estando o produto interno bruto (PIB) a recuar 2,7% de acordo com as estimativas mais recentes para o ano de 2013. “Este é um sinal preocupante, pois um dos objectivos em termos de eficiência energética é assegurar que a intensidade energética na electricidade diminui, isto é, a energia eléctrica necessária para gerar uma unidade de riqueza é cada vez menor, estando Portugal actualmente com a tendência inversa”, continua a ONG ambiental.

A Quercus considera que Portugal tem um enorme potencial para o aproveitamento das energias renováveis, em particular aquelas com menor impacto ambiental, como é o caso da energia solar, um recurso abundante no nosso país, e cujos custos de investimento e exploração têm vindo a descer de forma lenta. Tal facto, aliado a uma eficiência e poupança energéticas significativas que devem ser incentivadas em sectores como o dos transportes, serviços e residencial, podem assegurar um menor dependência do exterior e uma maior sustentabilidade.

Foto: Sob licença Creative Commons





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