Relatório ONU/Economia Verde: Emprego no sector da pesca em alerta vermelho
Caso a economia global não faça a sua transição rumo à sustentabilidade, o emprego em sectores como o da pesca estará, a curto prazo, em níveis historicamente baixos.
“O investimento, em alguns casos financiado pelo corte de subsídios nocivos, terá de se readaptar a alguns sectores de força de trabalho global para assegurar uma transição justa e socialmente aceitável”, afirma o relatório.
Consulte o relatório na íntegra.
De acordo com o estudo, subsídios estimados em cerca de 19,7 mil milhões de euros por ano geraram uma capacidade de pesca duas vezes superior à capacidade dos peixes se reproduzirem.
Por isso, o relatório sugere que o investimento na gestão fortalecida das pesca – incluindo a criação de áreas marinhas protegidas e a desactivação e redução da capacidade das frotas – pode recuperar os recursos pesqueiros do planeta.
Assim, um investimento sustentado por medidas políticas resultaria num aumento das capturas das actuais 80 milhões de toneladas para as 90 milhões de toneladas em 2050 – embora houvesse uma queda de 2011 a 2020.
E se as perdas de emprego a curto e médio prazo podem ser minimizadas concentrando os cortes num pequeno número de empresas pesqueiras de grande dimensão, prevê-se também que o número de empregos no sector pesqueiro volte a aumentar em 2050, à medida que as reservas esgotadas se recuperem.
Ao longo dos tempos, o número de empregos “novos e decentes” – que vão desde o sector das energias renováveis até ao da agricultura sustentável – compensarão aqueles perdidos na antiga economia de alto carbono, admite ainda o estudo.
Em relação ao sector energético, o relatório avisa que um investimento anual de cerca de 1,25% do PIB mundial em eficiência energética e energias renováveis poderia reduzir a procura global por energia primária em 9% em 2020 – e em 40% até 2050.
Por outro lado, a economia de capital e de gastos com combustível na geração de energia – sob o cenário da economia verde – seria de 550 mil milhões de euros entre 2020 e 2050.
Consulte outras das conclusões do estudo.
Paralelamente, há enormes oportunidades para separar a geração de resíduos do crescimento do PIB, incluindo, em seu lugar, acções de recuperação e reciclagem.
“Uma economia verde não visa sufocar o crescimento e a prosperidade, mas sim restabelecer a ligação com a verdadeira riqueza, reinvestir ao invés de simplesmente explorar o capital natural e beneficiar muitos em lugar de poucos. Visa também uma economia global que reconheça a responsabilidade inter-geracional das nações para deixar um planeta saudável, funcional e produtivo aos jovens de hoje e aos que estão para nascer”, explicou Pavan Sukhdev, economista sénior do Deutsche Bank e director da iniciativa Economia Verde, do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).
As conclusões do relatório – denominado “Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza” – foram hoje apresentadas aos ministros do Meio Ambiente de mais de 100 países, na abertura do Fórum Global de Ministros do Meio Ambiente/Conselho de Administração do PNUMA.
Aliás, a publicação do estudo visa acelerar o desenvolvimento sustentável e integra a contribuição do PNUMA para as preparações para a conferência Rio+20, que se realizará no próximo ano no Brasil.
“O mundo está de novo a Caminho do Rio, mas num planeta muito diferente daquela da Cimeira da Terra que se realizou no Rio de Janeiro em 1992”, explicou o sub-secretário geral da ONU e director-executivo do PNUMA, Achim Steiner.
“A [conferência] Rio 2012 surge num contexto de rápida redução de recursos naturais e de alterações ambientais aceleradas – desde a perda de recifes de coral e florestas à crescente escassez de terra produtiva; desde a necessidade urgente de fornecer alimento e combustível às economias até os prováveis impactos das alterações climáticas descontroladas”, acrescentou o responsável.