APN alerta para crescente insegurança alimentar em Portugal

Portugal poderá viver um período de insegurança alimentar, alertou no final da semana passada a presidente da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN), Alexandra Bento.

“O preço é um dos factores que leva à decisão de compra dos alimentos. É evidente que a subida do preço pode condicionar as escolhas alimentares”, explicou Alexandra Bento à Agência Lusa.

Isto não quer dizer, ainda assim, que o País atravesse “focos de fome”, mas as decisões alimentares mais correctas poderão não ser tomadas. “Podemos ter dificuldade de acesso aos alimentos e na escolha dos alimentos correctos. Daqui podem advir erros alimentares que se reflectem no estado da saúde”, continuou a presidente da APN.

Entre as consequências imediatas encontram-se problemas relacionados com a obesidade e doenças cardiovasculares.

“Se já tenho dificuldade na gestão do meu dinheiro e não tenho noção como devo organizar o meu dia alimentar, então poderá acontecer uma mistura explosiva. Determinadas franjas da população poder começar a ter um dia alimentar que não é equilibrado”, revelou a nutricionista.

Leia a notícia da Rádio Renascença sobre a escalada do preço do pão.

O grupo mais preocupante é o das frutas e legumes, que são considerados “caros” pela população. “Tenho receio que a fruta e legumes sejam dos primeiros a ser colocados de lado em situações de precariedade económica”, explicou Alexandra Bento, que disse ainda que “comer bem pode não ser barato”.

Para além de défice de frutos, hortícolas e leguminosas secas na alimentação portuguesa, existe um excesso de gorduras saturadas, carne e peixe.

Ainda assim, e de acordo com a APN, é possível gastar entre três a cinco euros por pessoa em todas as refeições diárias – pequeno-almoço, almoço, lanche, jantar e merendas a meio da manhã e tarde.

No total, é possível gastar menos de 25 euros por semana numa alimentação saudável e equilibrada.