Alterações climáticas: as grandes cidades que estão em perigo de desaparecer
Devemos muita da nossa prosperidade aos oceanos – o fácil acesso ao mar permite o desenvolvimento do comércio e o crescimento económico. Xangai, Nova Iorque, Hong Kong, Londres, Sidney, Bombaim, Tóquio, São Francisco e a Cidade do Cabo são exemplos das vantagens económicas de ter um bom porto.
Contrariamente, os países sem litoral (como o Quirguistão e a República Centro-Africana), são pobres, ficando para trás. É nas cidades com portos de águas profundas, com o solo mais fértil, que podemos cultivar as empresas, as incubadoras de inovação e crescimento económico.
Tem-nos sido dito que estas cidades, as nossas mais fortes unidades políticas e económicas, estão em risco de subida do nível médio da água do mar. Até muito recentemente, hidrologistas e cientistas do clima previram aumentos do nível do mar de um metro até 2050. Estas estimativas preocuparam líderes nas Maldivas, mas os restantes ignoraram o peso económico desde aumento na Europa ou América do Norte.
É com alguma surpresa que lemos que esta estimativa foi demasiado conservadora e que o risco das cidades é muito maior do que acreditávamos.
Ben Strauss, da Climate Central, publicou um relatório onde analisa as previsões da subida do nível do mar e as relaciona com a elevação das cidades americanas. Este estudo é único pela combinação de dados de população e elevação com a pesquisa de Anders Levermann, professor da Potsdam Institute for Climate Impact Research, relativa à taxa de crescimento (2,3 metros por grau celsius).
Este prevê que, a menos que alteremos significativamente a nossa emissão de carbono, 315 cidades americanas serão ameaçadas. A previsão de um aumento dos níveis das emissões de dióxido de carbono gerará um aquecimento suficiente para aumentar os oceanos em sete metros.
O estudo de Strauss não prevê o crescimento derivado de tempestades, quando os oceanos se aproximarem do nível das cidades alcançando estradas, esgotos, metropolitanos e sistemas de água. Podemos imaginar que, um dia, as tempestades não vão apenas causar danos nas cidades costeiras, mas destruí-las.
O mesmo afirma que, em 2100, mais de 25% de Boston, Miami, Nova Orleães e Atlantic City vão estar debaixo de água. A maioria da economia global situa-se em cidades que ficarão submersas. Imagine um mundo sem Xangai, Bombaim e Boston, um mundo em que Londres e Nova Iorque são as definições de risco para os mercados.
Segundo dados de uma publicação na Nature Climate Change, as perdas globais de inundação que, em 2005, estavam estimadas em €6 mil milhões por ano (em 136 cidades), aumentarão para €52 mil milhões em 2050.
Contudo, se os alarmistas prevêem um aumento de sete metros, os cientistas remetem, no melhor caso, para 20 centímetros e, no pior, para 100 centímetros.
Dado o enorme fluxo de população a migrar para as cidades costeiras, o seu impacto económico e a sua ancoragem nas empresas, mercados e universidades, a submersão das cidades costeiras torna-se num problema económico, social e, até, moral de maior importância. Não podemos perder estas economias e sociedades.
No ano passado, assistimos à submersão do Wall Street. As alterações climáticas tornaram o centro do crescimento económico na Atlântida. Se queremos prosperidade, avisa o Guardian, temos de salvar as cidades costeiras.
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