Consciência ambiental dos portugueses é elevada, mas pouco levada à prática
Os portugueses têm consciência ambiental mas um desconhecimento e falta de actuação face à perda de biodiversidade. Esta foi a principal conclusão de um relatório que encomendado pela Comissão Europeia sobre a atitude dos europeus face à biodiversidade.
De acordo com a SPEA, os dados em relação a Portugal sugerem algumas tendências “que tanto têm de curiosidade como de importância”, onde se destaca a elevada consciência ambiental dos portugueses, mas também a sua desinformação em relação ao tema.
Segundo o Eurobarómetro, 43% dos portugueses sabe o significado do termo “biodiversidade” (uma abreviatura para “diversidade biológica”), 38% já ouviu falar mas não sabe o que é, e 19% nunca ouviu falar. Na mesma linha, 39% sente-se “informado” em relação à perda de biodiversidade, enquanto 60% se sente “não-informado” e 91% revela interesse em estar melhor informados sobre o tema.
Os portugueses são o povo europeu que mais importância coloca na “poluição do ar e da água”, “desastres de origem humana” (93%) e “destruição de habitat” (68%) como sendo causas muito relevantes para a perda de biodiversidade.
A perda das florestas nativas surge como o problema que os portugueses consideram mais grave em relação ao tema (81% considera este problema muito grave). Isto, relembrando que estamos num contexto em que a recente proposta de alteração da legislação sobre Arborização e Rearborização, abre a porta à liberalização das plantações de eucalipto, e com a nova “Lei das Sementes” em vias de ser aprovada pelo Parlamento Europeu, a proibir a troca de sementes e tornando ilegal a comercialização de espécies autóctones.
Ainda em relação aos resultados, a consciência ambiental dos portugueses surge novamente em primeiro lugar com 78% dos inquiridos a considerarem que a perda de biodiversidade é um problema grave a nível mundial. No entanto este número cai para 62% quando se fala à escala europeia, e apenas 55% dos portugueses considera a perda de biodiversidade como um problema sério em Portugal. De referir que em 2010 este valor era de 72%, o que demonstra um acentuado decréscimo da importância que os portugueses dão à perda da biodiversidade no país. Em contraste, Portugal volta a estar em primeiro lugar quando 41% dos inquiridos afirmam já estar a ser afetados pelo problema.
O relatório realça que a perda de biodiversidade, na União Europeia e a nível global, tem acelerado nos últimos anos. Cerca de uma em cada quatro espécies encontram-se ameaçadas na Europa e, de acordo com a Comissão Europeia, 39% das populações de peixes do Atlântico são atualmente alvo de sobrepesca. No Mediterrâneo, este número sobe para os 44%.
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