Cientistas descobrem formações onduladas e recongeladas debaixo da Gronelândia
Um submundo até agora desconhecido foi descoberto debaixo da vasta camada de gelo da Gronelândia, de acordo com um estudo publicado no jornal Nature Geoscience. Esta vasta camada de gelo cobre toda a parte Norte da Gronelândia e foi descoberta por um radar que penetra no gelo, durante um dos vôos de pesquisa da NASA.
Segundo o relatório, algumas das áreas deste submundo chegam a ter 1000 metros de altura.
De acordo com a equipa de investigadores, esta descoberta pode aprofundar o nosso conhecimento a forma como as camadas de gelo da Gronelândia e Antárctida respondem às alterações climáticas.
“Cada vez vemos mais esse fenómeno – a camada de gelo começa a derreter mais rápido”, explicou Robin Bell, autor principal do estudo e geofísico do Lamont Doherty Earth Observatory, da Universidade de Columbia. “Acreditamos que o processo de recongelamento eleva, distorce e aquece o gelo acima, tornando-se mais suave e mais fácil de fluir”.
Até agora, os cientistas pensavam que as formas que distinguiam abaixo da camada de gelo eram cadeias montanhosas. Mas as pesquisas da NASA demonstraram que estas formações eram, na verdade, gelo e não rocha.
As formações foram causadas pelo derretimento e subsequente recongelamento da água no fundo da camada de gelo. A descoberta é tão impressionante que os cientistas mostraram-se imediatamente incrédulos com os resultados.
“É algo espectacular. São apenas linhas paralelas planas. O gelo é suposto ser assim, mas aqui está a quebrar todas as regras. São coisas onduladas, distorcidas e loucas, que se encontram debaixo do gelo e são do tamanho de arranha-céus”, explicou Kirsty Tinto, geofísica de Lamont-Doherty.
Estas estruturas cobrem cerca de 10% das áreas da Gronelândia do norte pesquisadas pela NASA. Este derretimento e recongelamento da camada de gelo desenrola-se há centenas ou milhares de anos. Os cientistas já tinham conhecimento destes processos, mas só agora perceberam o que as áreas derretidas estavam a recongelar.
Esta investigação é crucial para perceber como devemos responder às alterações climáticas. “Se queremos perceber de que forma o gelo está a responder às alterações climáticas, temos de perceber a sua dinâmica fundamental”, explicou Kirsty Tinto.
“Não é apenas saber que estamos a derreter a superfície e que esta superfície está a correr para o mar. Há um sistema lindo e complicado através do gelo e temos de percebê-lo do topo ao fundo para saber o que se está a passar”.
Veja algumas fotos do norte da Gronelândia.
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Fotos: NASA Goddard Photo and Video / Bruce Tuten / greenland_com / Creative Commons