Terra reclamada pelos investidores estrangeiros poderia alimentar 550 milhões de pessoas
Os terrenos apropriados por investidores estrangeiros e privados em alguns dos países mais pobres do mundo poderiam alimentar cerca de 550 milhões de pessoas, revela um novo estudo.
As plantações cultivadas nestas terras – retiradas à vida selvagens e nativos – são frequentemente exportadas ou utilizadas para produzir biocombustíveis, mas este novo estudo indica que poderia acabar com a subnutrição se as terras fossem utilizadas para cultivar alimentos para as populações locais.
Desde 2000, pelo menos 31 milhões de hectares de terra foram adquiridos por investidores estrangeiros, que procuram assegurar garantir o abastecimento de alimentos para os países desenvolvidos ou para aumentar a produção dos seus negócios. A maioria destes territórios reclamados situa-se em África, especialmente no Sudão. Mas a Indonésia e Papua Nova Guiné também são locais procurados, refere o Guardian.
Os compradores argumentam que o investimento estrangeiro pode aumentar os rendimentos daqueles países, fomentar o desenvolvimento e criar postos de trabalho. Contudo, os opositores a estas aquisições indicam que na maioria dos casos a compra se dá sem o consentimento das populações que lá vivem.
“Crucial para este debate é o conhecimento da magnitude do fenómeno: quantas pessoas poderiam ser alimentadas”, indica Maria Cristina Rulli, professora do Instituto Politécnico de Milão e autora do estudo. O estudo considerou que mesmo com as terras que são utilizadas para a produção de biocombustíveis, os terrenos comprados poderiam suportar entre 300 a 500 milhões de pessoas se os retornos oferecidos pela terra fossem aumentados para os níveis da agricultura industrializada ocidental. Mesmo sem essa melhoria, cerca de 190 a 370 milhões de pessoas poderiam ser alimentadas.
Foto: hdptcar / Creative Commons