Sete factos sobre o plástico no oceano
Quando se ouve falar na Grande Mancha de Lixo do Pacífico a imagem que nos surge é de uma ilha flutuante de patinhos de borracha, garrafas de plástico e sacos de plástico que se amontoam e criam uma espécie de iceberg de lixo.
A imagem não é muito distorcida da realidade, mas na verdade a ilha de lixo não é sólida e agregada. A Grande Mancha de Lixo do Pacífico é mais uma colecção solta de pequenos pedaços de plástico espalhados pelo Giro do Pacífico Norte, um remoinho aquático que, graças a quatro correntes oceânicas e à rotação da Terra suga detritos marinhos. Contudo, este local compreende a maior parte do norte do Pacífico e é o maior ecossistema do planeta.
Quando vista de cima, não vê qualquer plástico a boiar na zona e as águas aparentam ser cristalinas e limpas. Mas a verdade é que dentro de qualquer um dos cinco giros dos distintos oceanos do planeta, existem aglomerados de lixo que que giram continuamente ao sabor das correntes oceânicas prejudicando a vida que habita sob a água.
Conheça aqui sete aspectos a saber sobre o plástico nos oceanos.
1. A maior parte do plástico está concentrado nos cinco giros oceânicos subtropitais
Os nossos oceanos não estão completamente contaminados com lixo. Embora exista em elevadas quantidades, a maior parte do plástico está concentrada nos cinco principais giros subtropicais. Fora destas zonas é raro ver plástico a boiar ou apanhá-lo em redes de pesca.
2. É difícil quantificar a totalidade do plástico existente nos oceanos
Não se sabe ao certo a quantidade de plástico existente nos oceanos e este é um dos principais problemas. Parte da razão para não se conseguir saber ao certo a quantidade é que os dados existentes são baseados no plástico que se vê a flutuar. Contudo, grande parte destes detritos são suficientemente densos para afundar, o que significa que não se sabe a quantidade exacta de plástico submerso nos oceanos. Para agravar o problema, muitos destes plásticos ao fim de um certo tempo desintegram-se por acção das condições biofísicas.
Um estudo recente, refere o Grist, aponta para a existência de 40.000 toneladas de plástico a flutuar nos oceanos, mas este valor corresponde apenas a 1% do que os cientistas esperam encontrar. A comunidade cientifica supõe que os restantes 99% ou afundam ou são ingeridos pelos animais marinhos.
3. Os projectos de limpeza em profundidade dos oceanos são ineficientes
Os oceanos são locais vastos e intrincados: só o Giro do Pacífico Norte tem quase o dobro do tamanho dos Estados Unidos. A quantidade de fundos, recursos materiais e humanos para fazer uma limpeza profunda aos oceanos seria exorbitante, para não falar das emissões de gases com efeito estufa que isso implicaria. Adicionalmente, as pequenas partículas de plástico, as mais nocivas, são impossíveis de limpar.
4. Uma das soluções para o problema é encontrar os pontos de emissão do plástico
Vários oceanógrafos consideram positiva a ideia de recolher o lixo antes de este chegar aos oceanos. Um exemplo de um sistema que desempenha esta função é a Baltimore Water Wheel, um veículo aquático que recolhe o lixo no porto de Baltimore antes que este entre no mar.
A solução é simples e pode ser ecológica se for movida a energias renováveis. Uma das tarefas que cientistas têm agora em mãos é mapear os principais pontos de emissão de lixo para o mar, como grandes portos e rios.
5. Podem ser recolhidas toneladas de lixo das praias num só dia
Os eventos de recolha de lixo em praias são bastante eficientes, embora não o aparentem ser. Uma acção de um só dia pode recolher toneladas de lixo e ajuda também os centros de conservação oceânica a identificar as fontes e os tipos de detritos que são à costa.
6. As soluções de limpeza começam em terra
Um aspecto que reúne o consenso da comunidade científica quanto à limpeza e preservação dos oceanos é que as soluções devem começar em terra. Se menor quantidade de plástico for produzido e consumido e taxa de reciclagem do material aumentar, menor será a quantidade de lixo a chegar aos oceanos. A proibição dos sacos de plástico e a eliminação das microesferas de plástico de vários produtos de cosmética é um passo positivo, mas não o suficiente.
7. Existe uma luz ao fundo do túnel para os oceanos
Os oceanos são ecossistemas extremamente resilientes e as áreas marinhas protegidas são, na maioria, extremamente bem-sucedidas. Se de alguma forma foi possível travar o fluxo de plástico para o mar, os oceanos conseguirão, eventualmente, voltar a níveis de saúde do passado.
Foto: Best Planet / Creative Commons