Desflorestação da África Ocidental ajudou a espalhar ébola
A epidemia de ébola na África Ocidental poderia ter sido evitada se países como a Libéria, Serra Leoa ou Guiné-Conacri tivessem gerido melhor as suas florestas. Na verdade, o risco do crescimento da doença era esperado há já uma década, de acordo com o The Guardian, que explica porquê.
Na última década, as florestas tropicais desta região, o habitat natural dos morcegos-da-fruta, têm sido devastadas: a Guiné-Conacri perdeu 80% das suas florestas, enquanto a Libéria vendeu os direitos de desflorestação para metade das suas florestas. Por outro lado, a Serra Leoa estará completamente desflorestada nos próximos anos.
Sabe-se que o morcego-da-fruta acolhe o vírus do ébola e, quando a sua casa – a floresta – é dizimada, ele concentra-se no que resta deste habitat. Paralelamente, o negócio das mineradoras tornou-se um dos grandes empregadores da região – são sobretudo pessoas que viajam regularmente no território dos morcegos para entrar nas minas. Está feito o cocktail explosivo para o crescimento da doença.
Os morcegos-da-fruta transportam o vírus do ébola, mas geralmente não morrem dele. Ou seja, o vírus poderá facilmente ter migrado da África ocidental para a parte central do continente da mesma fora que as aves espalham o vírus do oeste do Nilo na América do Norte: através da migração.
E embora os morcegos há muito estejam no menu das comunidades da África Ocidental, há outras rotas de transmissão para além da alimentação das populações indígenas. Segundo o The Guardian, é possível que o rapaz de dois anos contaminado na Guiné-Conacri, que se pensa ter sido o primeiro caso de ébola, possa ter comido fruta contaminada pelos morcegos. Esta forma de transmissão justifica o facto de a doença ter chegado às populações de gorilas.
“Não há saúde pública sem saúde ambiental”, explica o Guardian. “A desflorestação não causou a epidemia de ébola, mas ‘construiu-a’”, concluiu o jornal.
Foto: shellac / Creative Commons