Alterações climáticas estão a forçar centenas de peixes a habitar mais a norte



As alterações climáticas estão a forçar centenas de espécies de peixes de grande valor a habitarem cada vez mais próximos dos pólos, revela um novo estudo.

A investigação, publicada no ICES Journal of Marine Science, indica que, segundo a tendência, as regiões do Canadá e do Árctico e Antárctida podem vir a ficar povoadas com mais espécies e maior abundância. Contudo, as águas tropicais, onde as populações dependem mais fortemente da pesca, podem ficar sem peixe.

Estudos anteriores indicavam que as águas oceânicas mais quentes poderiam afectar a distribuição das reservas de peixe, mas esta nova investigação confere uma percepção mais clara e ampla sobre estes efeitos.

“A variedade de espécies disponíveis nas reservas dos trópicos vai diminuir”, afirma o co-autor do estudo, William Cheung, da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá. “Podem ser boas notícias para o Árctico – as nossas projecções indicam que a região vai ser um lugar chave para uma invasão de espécies. Vai haver mais variedade de peixes disponíveis”, cita o Huffington Post.

Recorrendo a uma combinação de três modelos matemáticos diferentes e dados climatológicos recentes, o estudo analisou a distribuição de 802 espécies de peixe exploradas comercialmente. Os investigadores concluíram que, em média, os peixes se estão a deslocar em direcção aos pólos Sul e Norte, a uma velocidade entre os 15 e 26 quilómetros por década. O efeito é mais pronunciado no Árctico, onde o aquecimento é mais sentido e os peixes migram cada vez mais para norte.

“Concluímos que, no geral, as nossas projecções são consistentes com as observações dos últimos 30 anos”, afirma o investigador, salientando que a descoberta se traduz em oportunidades como em desafios.

A forma como as espécies invasoras vão interagir com as espécies nativas e com os ecossistemas é desconhecida. Esta migração deverá ainda criar problemas a nível geopolítico, com stocks de peixe a deslocarem-se de umas zonas exclusivas de pesca para outras.

O investigador indica ainda que é necessário aos governos começarem a pensar como as alterações climáticas vão afectar os seus recursos naturais no futuro. “As coisas são mais fáceis de gerir quando não existem interesses já investidos”, aponta. “É necessário analisar estas projecções e cenários a longo-prazo e começar a pensar na melhor forma de gerir os recursos”.

Foto: NatureStills / Creative Commons





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