Como as ilhas de todo o mundo estão a erradicar os ratos

As incríveis características de adaptação dos ratos têm causado o declínio de várias espécies nativas, sobretudo nas ilhas de todo o mundo. Os ratos são ágeis, reproduzem-se rapidamente e predadores natos, o que faz deles a espécie invasora mais importante do mundo.
Agora, uma série de países e especialistas em biodiversidade estão a tentar reverter estes danos à natureza, através de gigantescas tentativas de erradicação da espécie. No Sul da Geórgia foi feita recentemente uma das maiores erradicações de roedores da história. “Tenho um grande respeito por eles”, disse o director do projecto, Tony Martin, ao Guardian. “Mas o Homem já chegou e mudou as coisas. Nós estamos a pô-las no seu lugar”, explicou o responsável.
Segundo Martin, os ratos conseguem rapidamente colonizar outros habitats, procurar novas fontes de alimentação e destruir a biodiversidade. “Reconheço que temos o poder de mudar as coisas e o que estamos a fazer é mudar o impacto do Homem. Não estamos a fazer nada de novo, mas a regressar as coisas àquilo que foram em 1775”, continuou Martin.
De acordo com o IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), as ilhas são locais cruciais para a biodiversidade. No entanto, o isolamento geográfico permite que as espécies lá presentes evoluam, o que as torna frágil e sem formas de competir com espécies invasoras.
Na verdade, a erradicação de espécies invasoras não é algo novo. Desde o século XIX foram realizadas quase 700 erradicações de espécies invasoras. Na ilha de Lord Howe, na Austrália (na foto), mais de 30 espécies locais foram extintas devido à chegada dos ratos pretos a bordo do SS Makembo, em 1918, incluindo um insecto raro e do tamanho da mão humana.
Recentemente, o Governo australiano aprovou o financiamento para exterminar os cerca de 130 mil ratos da ilha.
Na ilha Haida Gwaii, no Canadá, conhecida como a Galápagos do Norte, três séculos de infestação de ratos causou o declínio de população de aves marinhas, pássaros e pequenos mamíferos. Das 150 ilhas que fazem parte deste grupo, pelo menos 18 estão infestadas por ratos – duas já foram “limpas”, e outros extermínios estão previstos para breve.
Nas célebres Galápagos, Equador, existem 180 milhões de ratos, culpados da morte de todos os ovos de tartarugas no último século: a erradicação dos roedores começou em 2012, mas ainda não existem resultados para apresentar.
Finalmente na Ilha Campbell, Nova Zelândia, a erradicação começou em 2001 e, à altura, este era o maior projecto mundial de extermínio de ratos. Segundo o Governo neo-zelandês, cerca de 200 mil foram eliminados em dez anos. Desde 2011 que a ilha estará “limpa”.
Foto: Pia Waugh / Creative Commons