Alfazema-do-mar do Cabo Raso está em risco de extinção



As Limonium multiflorum, conhecidas como alfazemas-do-mar, são uma espécie endémica da costa portuguesa e só existem entre Cascais e a Nazaré. Segundo estudos feitos na zona pelos investigadores do Instituto Superior de Agronomia (ISA), da Universidade de Lisboa, esta planta está em risco de extinção no Cabo Raso, no concelho de Cascais.

Além da pequena distribuição geográfica, a planta apresenta ainda uma variabilidade genética bastante baixa, já que a maior parte das vezes se reproduz assexuadamente. “As plantas que conseguimos obter a partir das sementes recolhidas no local revelaram-se estéreis do ponto de vista masculino”, indica ao Público Ana Caperta, investigadora no ISA. Porém, algumas destas plantas conseguem reproduzir-se sexuadamente. “Por isso, ainda se poderia esperar que a variabilidade fosse restaurada desse modo mas, sendo estéril do ponto de vista masculino, a variabilidade desta população está ainda mais comprometida”, explica a investigadora.

As conclusões sobre a alfazema-do-mar foram publicadas na revista científica AoB Plants. No trabalho de campo realizado para o estudo, os investigadores do ISA perceberam que as principais ameaças à continuidade da espécie são as espécies exóticas invasoras, bem como a utilização de algumas das zonas onde a espécie pode ser encontrada como locais de estacionamento, principalmente durante a época balnear.

Actualmente, a alfazema-do-mar é classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como uma espécie com um estatuto “pouco preocupante”. Porém, o grupo de investigadores portugueses defende que a classificação seja elevada para “vulnerável” devido às suas características de reprodução e às ameaças a que está sujeita.

A alfazema-do-mar pode ser encontrada entre as primeiras manchas de vegetação das arribas costeiras entre Cascais e a Nazaré. São plantas resistentes a ambientes salinos que apresentam folhas que crescem, em forma de roseta, junto ao chão rochoso. Na primavera ostentam flores lilases, o que facilita a sua observação. A espécie possui populações bastante antigas, com exemplares que podem viver até aos 30 anos.

Foto: endless autumn / Creative Commons





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