Empresas portuguesas vão reabilitar aldeias históricas do Butão
A empresa de engenharia civil NCREP e a de arquitectura Atelier in.vitro, ambas portuguesas, venceram o concurso para a reabilitação de aldeias históricas no Butão, país de 750 mil habitantes que faz fronteira com a China e a Índia.
O projecto é a apoiado pelo Banco Mundial e tem como objectivo preservar a arquitectura de vários edifícios das aldeias, avaliar o seu comportamento estrutural – particularmente no caso da ocorrência de um sismo – e analisar o seu estado de conservação.
Segundo o UPTEC (Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto), no qual está incubada a NCREP, o projecto arranca este mês: uma equipa especializada em reabilitação e construções antigas inicia trabalhos de inspecção, diagnóstico, levantamento arquitectónico e avaliação estrutural de um conjunto de duas aldeias históricas.
A tradição construtiva deste país envolve a utilização, na maioria dos edifícios, de estruturas de madeira e de terra compactada. “Estas construções, em estrutura de madeira e terra, são normalmente muito vulneráveis à ação dos sismos. Contudo, quando determinados pormenores construtivos são implementados, o seu comportamento melhora significativamente, sendo esse um dos objetivos deste trabalho”, refere Tiago Ilharco, da NCREP.
A possibilidade de caracterizar construções tão singulares como as do Butão, e de documentar técnicas construtivas tradicionais, é um “contributo valioso para a salvaguarda do património, e que seguramente enriquecerá o conhecimento técnico da equipa”, refere Joana Leandro Vasconcelos, do Atelier in.vitro, responsável pela equipa de arquitectura do projecto.
O projecto contempla ainda a análise do genius loci destas aldeias, aferindo nomeadamente as características socioculturais, históricas, de linguagem e de hábitos que as definem, e que passará pela identificação dos aspectos sociais e das práticas associadas à construção destes edifícios.
O objectivo deste projecto, que tem a duração de três meses e que envolverá trabalho de campo de um mês, é garantir a salvaguarda desta arquitectura vernacular com elevadíssimo valor patrimonial e histórico e, simultaneamente, melhorar as condições de funcionalidade, de conforto e, particularmente, de segurança estrutural das construções.