Como irá o Brasil rentabilizar os elefantes brancos (vulgo, estádios) do Mundial 2014



Lembra-se dos elefantes brancos portugueses para o Euro 2004, um conjunto de estádios que, tirando os jogos do torneio, estão permanentemente vazios? O Brasil está a passar pelo mesmo processo, para o Mundial 2014, mas começou já a pensar numa alternativa à previsível diminuição drástica de espectadores no pós-2014.

O Brasil terá 12 estádios oficiais para o Mundial 2014, mas alguns deles não têm equipas com capacidade e dimensão para encher os 40, 50 ou 60 mil lugares que eles passarão a disponibilizar. A solução? Levar jogos do Brasileirão – o campeonato brasileiro – para estádios do Mundial 2014 que não têm equipas ao mais alto nível.

O primeiro jogo desta inovadora solução anti-elefante branco já se realizou – ironicamente, num estádio que se candidatou mas não foi escolhido, para já, para o torneio, o Estádio Universitário Pedro Pedrossian, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

“Estamos longe dos grandes centros e, o nosso público, ávido por grandes jogos”, explicou à Folha de São Paulo o vice-presidente da federação de Mato Grosso do Sul, Aristides Cordeiro.

No jogo, realizado ontem, o América de Minas Gerais, de Belo Horizonte, deslocou-se a Campo Grande, numa distância de 1.300 quilómetros, para jogar contra o Internacional… em casa. Uma curiosidade: perdeu 4-2, naquela que foi a primeira vitória da equipa de Porto Alegre na competição.

Segundo a Folha, empresas como a BWA já estão a pensar em levar mais jogos do Brasileirão para outras localidades que, tendo excelentes estádios, as suas equipas não os enchem, como Brasília, Manaus ou Cuiabá.

“Se for para investir entre R$ 400 e 600 milhões (170 a 230 milhões euros, 23.627 a 35.440 milhões de kwanzas) em estádios que não terão razão de existir, é melhor colocar o dinheiro em creches ou escolas”, afirma Bruno Balsimelli, um dos sócios da BWA. A empresa paga as viagens e hotel da equipa visitada, para além de toda a logística necessária. Como contrapartida, tem direito a uma parte da receita.

E apesar de federações como São Paulo ou Rio de Janeiro não permitirem estes negócios, a empresa irá utilizar equipas como o América-MG para este efeito.

Contentes terão também ficado os espectadores presentes no Morenão, em Campo Grande. O estado não tem um representante na primeira divisão há 25 anos, sendo que este ano o seu melhor clube disputará apenas a Série D.

A BWA irá também apostar nos clubes cujos estádios estão a ser remodelados. “Isto está a acontecer por causa da nossa querida Copa do Mundo, só que os clubes não pediram o mundial aqui, e isso influencia o dia-a-dia”, revelou o director de futebol do América MG, Alexandre Matos, que garantiu que já há mais três jogos já “vendidos”. Se for para o Brasil não cair no erro português de construir elefantes brancos desportivos para espectáculos vazios… então é por uma boa causa.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...