Coimbra: petição pede abolição da garraiada na Queima das Fitas
A estudante Ana Bordalo, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, lançou uma petição a pedir a abolição da garraiada da Queima das Fitas daquela instituição, um documento que já tem 2.173 assinaturas.
“A universidade deveria ser o baluarte no questionamento de tradições e convenções, propondo caminhos alternativos aos que se conhecem e trilham, promovendo uma cultura de valores como a justiça, a solidariedade, o respeito e o civismo; não uma cultura que ritualiza e glorifica exercícios de domínio, de subjugação e de violência”, explica Ana na petição.
A jovem afirma ainda que “Coimbra tem mais encanto sem sangue na despedida” e acredita que a festa “faz sentido e os estudantes podem divertir-se, mas sem prejudicar animais”, apelidando a tradição de “desnecessária e cruel”..
A petição “online” é dirigida ao Conselho de Veteranos, à Comissão da Queima das Fitas e à Associação Académica de Coimbra. Ana Bordalo criticou ainda o “imobilismo” das entidades, que se “agarram muito à tradição”, defendendo que, em ambiente académico, é necessário “questionar aquilo que existe e perceber se as práticas estão ajustadas à realidade”.
Em declarações à Lusa, o secretário-geral da Comissão Organizadora da Queima das Fitas, André Gomes, informou que a actividade vai realizar-se e que esta nunca foi posta em discussão. Questionado sobre se considera se há ou não violência sobre os animais na garraiada, André Gomes disse apenas que “é a violência normal para uma garraiada”.
O secretário-geral da Queima de Coimbra sublinhou ainda que a organização está sensível à “problemática dos animais”, recordando que neste ano apoiaram uma associação de animais com doação de ração.
O Dux Veteranorum da Universidade de Coimbra, que preside ao Conselho de Veteranos, João Luís Jesus, disse à agência Lusa que este evento está inserido na Queima das Fitas “desde 1929” e que a Garraiada, que se realiza no Coliseu da Figueira da Foz (com capacidade para 5.500 pessoas), “esgota sempre”.
“Enquanto os estudantes lá forem e o recinto estiver cheio, continua a haver garraiada”, explicou. João Luís Jesus disse ainda que a garraiada começa com os fitados (último ano de licenciatura) das diferentes faculdades a darem uma volta à arena, depois decorre “a garraiada propriamente dita”, com cavaleiros, forcados e bandarilheiros, terminando com uma “brincadeira” em que os estudantes fazem pegas aos garraios.
Recorde-se que, nos últimos anos, também a Latada de Coimbra tem estado debaixo de fogo dos ambientalistas, devido à tradição – mais recente – de enviar centenas de carrinhos de supermercado para o Mondego.