Iémen sem energia para pôr hospitais a funcionar (com FOTOS)
Se é fã da série televisiva The Walking Dead, passada num futuro pós-apocalíptico, sabe que os personagens passam muito do seu tempo à procura de mantimentos, combustíveis, equipamentos médicos e medicamentos que lhes permitam viver mais um dia.
No Iémen, este cenário não é ficção mas uma realidade bem presente. Que o diga Hamoud al-Jehafi, médico do Yareem Public Hospital da cidade de Ibb, no centro do país, e que passa pouquíssimo tempo com os seus pacientes. Segundo o Irin, a preocupação principal de al-Jehafi é encontrar combustível para manter as luzes do hospital ligadas. A tal ponto que não tem tido tempo para curar os seus pacientes.
“Há cinco dias que não temos energia no hospital e a petrolífera do Iémen diz-nos que só nos pode entregar mais dentro de dois dias”, explicou o médico. “Ando há muito tempo à procura de diesel para os frigoríficos”, concluiu.
Segundo o Irin, os médicos estão a operar pacientes às escuras e faltam medicamentos vitais para o funcionamento do hospital, que fica numa zona de guerra.
Nas últimas semanas, a eléctrica pública apenas forneceu algumas horas de electricidade por dia na capital, Sana’a (na foto), e muito menos nas outras cidades. A rede de telecomunicação do país também parará na próxima semana, devido à falta de combustível.
Há vários hospitais a fecharem os serviços, por falta de diesel para os seus geradores, e outros serão obrigados a fazê-lo nas próximas duas semanas. Em comunicado conjunto, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (ICRC) e os Médicos Sem Fronteiras (MSF) explicaram que o sistema médico do país está dependente de medicamentos cuja entrada no país está bloqueada.
No hospital al-Gomhouri, na capital Sana’a, os combustíveis duram mais alguns dias. “Devido aos ataques aéreos, recebemos dezenas de feridos por dia. Estamos perante uma catástrofe de saúde iminente”, explicou Nasr al-Qadasi, presidente do hospital.
De acordo com o responsável, existem 45 pessoas que têm de fazer diálise todos os dias. Também a unidade de cuidado intensivo, as cirurgias, a incubadora e os frigoríficos do hospital precisam de combustível.
Foto: Franco Pecchio / Creative Commons