EUA: Há cada vez mais grupos de cidadãos a abrirem bibliotecas públicas
As bibliotecas são o menor dos problemas de muitos presidentes de câmara em todo o mundo e, assim, muitos destes históricos locais públicos debatem-se com problemas para subsistir, devido à falta de financiamento.
Só em Nova Iorque, mais pessoas frequentam as bibliotecas públicas que todos os estádios, zoos, museus e locais de entretenimento juntos, de acordo com o The New York Times, mas falta dinheiro para manter os espaços dedicados aos livros e informação.
Segundo o Vice, uma biblioteca de Brooklyn é obrigada a fechar durante os dias mais quentes, devido a problemas com o ar-condicionado; outras têm livros danificados com água ou instalações demasiado pequenas para garantir que todos as possam visitar. É que muitas destas bibliotecas são hoje utilizadas para aulas de inglês, workshops de emprego, espaços de encontros da comunidade ou acesso gratuito à internet. Mas não estão a conseguir subsistir.
“As bibliotecas estão a mudar”, pode ler-se no Grist. “Mas o público ainda procura os mesmos serviços de há alguns anos – os livros. É aqui que entram as bibliotecas boutique, ou alternativas, que cedem livros e um local para os ler, mas que não são públicas”.
Ainda de acordo com o Vice, uma das mais recentes bibliotecas boutique – ou privadas – de Nova Iorque foi fundada por líderes da comunidade, que arrendaram um espaço industrial em Brooklyn.
A biblioteca paga a renda através de uma mensalidade pedida aos seus membros – cada um dos 35 membros tem também uma chave que lhe dá acesso 24 horas por dia ao local e uma password para o wi-fi. A biblioteca tem manutenção diária, desde a limpeza das casas de banho à sala principal.
Os livros não podem sair do local e foram cedidos pelos fundadores do projecto – fazem parte da sua livraria pessoal. “Estas bibliotecas não deveriam substituir as públicas. Estas continuam a ser uma necessidade para pessoas terem acesso a educação, entretenimento ou, simplesmente, ir a um sítio calmo”, conclui o Grist. Pena que, lá como cá, as bibliotecas não sejam tidas como uma prioridade para os políticos.
Na verdade, este movimento não é mais do que um regresso ao passado. O industrial escocês Andrew Carnegie ajudou a construir 2.800 bibliotecas nos Estados Unidos. Em Portugal, quem não se lembra das bibliotecas itinerantes patrocinadas pela Fundação Calouste Gulbenkian?