A ambição da MC em ser neutra em carbono em 2040
Para chegar à neutralidade carbónica das operações, a empresa tem metas de redução de emissões de gases com efeito estufa validadas pela SBTi.
A MC, referência no setor do retalho, traçou uma meta ambiciosa para atingir a neutralidade carbónica até 2040. Esse objetivo, descrito por Carlos Sampaio, responsável pelos temas de Energia na empresa, reflete mais de uma década de esforços contínuos, alinhados com um roadmap estruturado na metodologia Science Based Targets. A Science Based Targets Initiative tem como objetivo auxiliar empresas a estabelecer metas de redução de emissões de gases de efeito estufa em linha com a ciência climática para limitar o aquecimento global a níveis seguros. A MC é pioneira ao tornar- -se na primeira empresa retalhista portuguesa com metas de redução de emissões validadas pela SBTi. Segundo Carlos Sampaio, “Estamos orgulhosos do caminho percorrido, mas cientes de que o percurso daqui para a frente carece de uma abordagem mais disruptiva, sustentada em soluções mais digitais e baseadas em dados”. Essa visão enfatiza a necessidade de inovação, flexibilidade e monitorização contínua para alcançar resultados ainda mais impactantes.
Dois pilares fundamentais
A pegada carbónica da MC concentra-se em dois grandes domínios: a rede de edifícios e a mobilidade. No caso dos edifícios, os principais desafios residem na eficiência energética, na produção de energia descentralizada para autoconsumo e em soluções que integrem flexibilidade na gestão de consumo e produção. Em termos de mobilidade, as atenções estão voltadas para a logística e a mobilidade dos colaboradores e clientes. Para enfrentar esses desafios, a MC adota uma política de gestão energética sustentada em três pilares fundamentais: otimizar o consumo de energia, promover a produção local descentralizada e gerir o custo da energia com base no mercado grossista. No que diz respeito à eficiência energética, a empresa tem implementado várias medidas para otimizar o consumo e melhorar a sustentabilidade das operações. Entre as ações já realizadas, destacam-se a adoção de iluminação LED, a instalação de sistemas de controlo horários mais rigorosos para a iluminação e o desenvolvimento de planos de manutenção mais robustos.
Essas iniciativas contribuíram para que, mesmo com a duplicação do número de lojas desde 2010, o consumo energético tenha aumentado apenas 4,5%. A MC também aposta na modernização de equipamentos, como a substituição de fornos a gás por modelos elétricos e a instalação de portas em móveis de frio, reforçando seu compromisso com a eficiência operacional. Outro ponto central na estratégia da MC é a produção descentralizada de energia. Em 2023, a empresa encerrou o ano com 264 centrais fotovoltaicas instaladas, totalizando uma potência de 52 MWp, o que representa 12% do consumo total.
Este investimento não apenas contribui para a redução da pegada carbónica, mas também oferece maior autonomia energética. “Procuramos também utilizar energia de produção o mais renovada possível”, enfatizou Carlos Sampaio, referindo-se aos contratos de compra de energia renovável (PPAs), que têm desempenhado um papel essencial na estratégia de descarbonização. A mobilidade elétrica é outro pilar estratégico do plano de sustentabilidade da MC. A eletrificação da mobilidade é vista como uma peça chave para alcançar os objetivos de neutralidade carbónica até 2050. Para isso, a empresa tem investido na expansão da rede Continente Plug&- Charge, que atualmente abrange 90 lojas com mais de 600 pontos de carregamento.
O plano de expansão prevê a instalação de 1.300 pontos até 2025, abrangendo 200 lojas, e a inclusão do serviço em todas as unidades até 2027. Segundo o responsável da área de Energia, “a adesão dos clientes tem sido muito positiva, om sucessivas taxas elevadas de crescimento, como demonstrado pelo aumento de 110% registado em 2024”. Entre as inovações introduzidas no serviço Plug&Charge está a funcionalidade “Happy Hour”. Desenvolvida com base em algoritmos de machine learning, a solução identifica horários estratégicos para oferecer preços reduzidos, beneficiando clientes e otimizando a utilização da infraestrutura de carregamento.
Essa funcionalidade já foi testada em lojas piloto, como Continente Matosinhos, Évora e Amadora, com mais de 10 mil transações registadas em sete meses. Essa abordagem destaca a capacidade da MC de alinhar tecnologia avançada com os objetivos de sustentabilidade. Além disso, a integração da mobilidade elétrica aos edifícios tem sido uma estratégia essencial para aliviar a pressão sobre a Rede Elétrica Nacional e melhorar a experiência dos clientes. “Uma forma eficiente de acelerar as redes de carregamento passa por acoplar a Mobilidade Elétrica aos edifícios, beneficiando os clientes e otimizando a infraestrutura existente”, explicou Carlos Sampaio.
O modelo aberto e inovador adotado pela MC permite não apenas maior simplicidade na utilização dos serviços, mas também promove o surgimento de novas soluções no mercado. Desafios e oportunidades A MC também reconhece que os desafios futuros exigem uma abordagem mais disruptiva. O foco passará a ser não apenas a quantidade de energia consumida, mas o momento em que ela é utilizada. Para isso, a empresa aposta em soluções digitais que proporcionem maior flexibilidade na gestão energética, alinhadas às necessidades de um mercado em constante evolução. Essa visão é respaldada por sistemas de monitorização e analítica, que permitem decisões mais informadas e eficientes.
Esse compromisso com a sustentabilidade reflete-se em todas as frentes do negócio da MC, desde a otimização de operações até o engajamento dos clientes. A jornada rumo à neutralidade carbónica em 2040 é um exemplo de como a inovação, combinada com uma visão estratégica, pode transformar desafios em oportunidades. A MC continua a liderar o setor no caminho da descarbonização, alinhando crescimento sustentável com responsabilidade ambiental.