A beleza no desastre: Alterações climáticas vão produzir mais arcos-íris, revelam cientistas



O aquecimento global e as transformações nos padrões climáticos por ele produzidas estão já a alterar os regimes de precipitação e a formação de nuvens. Por isso, os cientistas preveem que em 2100 a ocorrência de arcos-íris aumentará em cerca de 5% um pouco por todo o planeta.

Com a perda de gelo e com a intensificação da chuva, é nas regiões localizadas mais a norte e a grandes altitudes que será possível observar o maior aumento dos arcos-íris. Contudo, locais onde a precipitação venha a ser menor no quadro de alterações climáticas, tal como a região do Mediterrâneo, terão cada vez menos dias em que será possível vislumbrar esses fenómenos que os cientistas da Universidade do Havai, em Manoa, descrevem como “um serviço ecossistémico cultural” e que dizem “contribuir para o bem-estar humano, fornecendo uma ligação inspiradora com a natureza”.

Num estudo publicado esta semana na revista ‘Global Environmental Change’, os cientistas explicam que “como o arco-íris é um fenómeno ótico atmosférico que resulta da refração da luz solar por gotículas de água da chuva, alterações na precipitação e na cobertura de nuvens devido a transformações climáticas antropogénicas [isto é, que têm origem na ação humana]” vão alterar a distribuição desses semicírculos multicor.

Camilo Mora, um dos autores do estudo, afirma que “frequentemente estudamos como as alterações climáticas afetam diretamente a saúde e vida das pessoas”, mas poucos investigadores se debruçaram sobre os seus impactos “nas qualidades estéticas do nosso ambiente”.

“Ninguém se preocupou em mapear as ocorrências de arcos-íris, muito menos no contexto de alterações climáticas”, salienta o cientista.

Com a ajuda de estudantes de cursos de pós-graduação da Universidade do Havai, os especialistas analisaram dezenas de milhares de fotografias de arcos-íris de todo o mundo que tinham sido carregadas na rede social Flickr e identificadas com a palavra ‘arco-íris’, ou rainbow, em inglês. E foi uma tarefa hercúlea, algo como ‘procurar um arco-íris num palheiro’.

Amanda Wong, estudante de Ciência Ambiental Global que integrou a equipa desta investigação, adianta que tiveram de analisar fotografias de pinturas, de bandeiras, de trutas, de eucaliptos e de comida “para encontrar arcos-íris verdadeiros”.

Depois de identificadas as fotografias pretendidas, os cientistas desenvolveram um modelo preditivo com base na localização das imagens e em mapas de precipitação, cobertura de nuvens. Esse modelo foi então usado para prever ocorrências presentes e futuras de arcos-íris em terra, e um dos principais resultados aponta que as ilhas são, realmente, os melhores locais para a observação desse fenómeno.

Steve Businger, professor de Ciências da Atmosfera e outro dos autores, elucida que isso se deve ao facto de as ondas do mar rebentarem diariamente contra os terrenos que formam as ilhas, gerando “chuveiros localizados” que refratam a luz do Sol, produzindo “arcos-íris majestosos”.

“As alterações climáticas vão gerar mudanças generalizadas em todos os aspetos da experiência humana na Terra”, declara Carlston, destacando que “mudanças em partes intangíveis do nosso ambiente – como som e luz – são parte dessas alterações e merecem maior atenção por parte dos investigadores”.





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