A caminho da conferência global dos oceanos, a proteção marinha continua “criticamente subfinanciada”, alertam ambientalistas



No caminho para mais uma conferência global sobre os oceanos, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que arrancará em Nice, França, no próximo dia 9 de junho, um grupo de organizações alerta que os países do mundo estão a falhar nas promessas para financiarem a proteção dos oceanos.

Num relatório divulgado esta quinta-feira, um consórcio ambientalista, que inclui WWF International, Together for the Ocean, Bloomberg Ocean Fund, SkyTruth, Marine Conservation Institute, Campaing for Nature e Rise Up, recorda que em 2022 os países do mundo comprometeram-se a designar como áreas marinhas protegidas 30% dos oceanos mundiais até 2030 (conhecido como meta 30×30). Contudo, até ao momento, dos 15,8 mil milhões de dólares anuais precisos para tornar essa meta realidade, apenas foram investidos 1,2 mil milhões, ou seja, menos de 10% do total necessário.

Considerando “alarmante” essa falta de progresso na proteção marinha e avisando que existe o risco de esses esforços virem mesmo a estagnar, o consórcio ambientalista aponta que apenas 8,6% dos oceanos estão classificados como protegidos, sendo que desse total somente para 2,7% se conseguiu, até agora, confirmar que as proteções estão efetivamente a ser implementadas. O Reino Unido e o Palau são os únicos dois países do mundo que conseguiram já proteger eficazmente mais de 30% das suas águas marinhas nacionais, segundo o documento.

Os autores avisam que o mundo está “perigosamente aquém” do que é preciso fazer para alcançar a meta 30×30 e que preencher a lacuna entre as promessas e o real financiamento “não só é vital para a saúde do oceano, é um imperativo económico crítico para a resiliência climática e segurança alimentar a longo -prazo”.

O relatório salienta ainda a urgência de os países mais ricos cumprirem a sua promessa de ajuda financeira de 30 mil milhões de dólares ao ano até 2030 para ajudarem os países em desenvolvimento a conseguirem alcançar a meta de proteção de biodiversidade com a qual a comunidade internacional de comprometeu no início da década.

Cálculos feitos pelo consórcio apontam que a reorientação de subsídios de 10 países a práticas piscatórias danosas seria suficiente para financiar em pleno os esforços de proteção dos oceanos.

Brian O’Donnell, diretor da Campaing for Nature e líder da análise financeira que suportou este relatório, aponta que “por apenas 15,8 mil milhões de dólares por ano podemos proteger um dos ativos mais valiosos do nosso planeta” e, ao mesmo tempo, obter retornos anuais das dezenas de milhares de milhões em retorno e em custos evitados pela preservação das defesa costeiras naturais, pela mitigação das emissões de carbono libertada pela perda de pradarias de ervas marinhas e pela recuperação de populações de peixes sobre-exploradas.

Numa altura em que os líderes mundiais se preparam para viajar até Nice para discutir o estado de conservação dos oceanos da Terra, Beth Pike, do Marine Conservation Institute, diz que “o mundo tem de urgentemente colmatar o fosso entre as promessas e a ação real e efetiva”.






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