A dura vida de um trabalhador da central nuclear de Fukushima



A ameaça invisível da radiação tornou os trabalhadores da central nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, no inimigo visível da população japonesa. A opinião é de um psiquiatra que acompanha os trabalhadores.

“Os trabalhadores estão sujeitos a um maior risco de exposição à radiação e são parte de um processo que durará décadas”, afirma Jun Shigemura, professor no departamento de psiquiatria do National Defense Medical College. “Além disso, eles são criticados por fazerem parte da Tepco. Não são executivos da empresa, mas sentem culpa e responsabilidade, mesmo são sendo os responsáveis.”

O psiquiatra defende que os funcionários merecem mais respeito, justificando que eles estão a exercer uma das profissões mais difíceis do mundo.

As críticas por parte da população, o stress das funções laborais e a falta de motivação são algumas das razões que têm ameaçado a saída de trabalhadores da central. Muitos são obrigados a trabalhar durante longos dias com sufocantes máscaras de protecção, recebendo um baixo salário.

Cerca de 70% de uma amostra de trabalhadores inquiridos pela Tepco, no final do ano passado, revelou ganhar pouco mais de €6,5 (R$ 16,8) por hora – bem menos do que os €12,3 (R$ 31,5) à hora auferidos aos trabalhadores da construção civil na mesma zona do país.

De acordo com o The Guardian, um funcionário de 40 anos disse: “Tenho dores de estômago. Estou constantemente stressado. Quando volto para o meu quarto, tudo o que consigo fazer é preocupar-me com o dia seguinte. Deviam dar-nos uma medalha”.

A operação de limpeza, que envolve milhares de trabalhadores, tem ficado marcada pelos relatos de práticas de emprego obscuras e violações das normas de saúde e segurança.

Este mês, o ministério da saúde revelou que pelo menos 63 trabalhadores de Fukushima Daiichi foram expostos a níveis de radiação superiores aos assinalados nos seus registos pessoais.





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