A estratégia de sustentabilidade do Futebol Clube do Porto



O futebol é um dos assuntos mais mediáticos do mundo e as suas notícias dominam os alinhamentos dos telejornais, as páginas de jornal e, como é óbvio, muitas das conversas de café ou jantares de amigos.

Não é habitual, porém, falar da dimensão sustentável do futebol para além da área económica e, em menor escala, social. Ou seja, os clubes não são conhecidos pelas estratégias de sustentabilidade. No entanto, eles são empresas – geram negócio, dão lucros e prejuízos, têm um extenso número de colaboradores e são geridos profissionalmente.

O Futebol Clube do Porto é uma excepção na ausência de estratégia verde. Quando decidiu construir um novo estádio, o FC Porto já tinha uma visão de sustentabilidade a longo prazo. “O Estádio do Dragão foi construído numa óptica de manutenção e operação económica e rentável, primando pela utilização das tecnologias mais recentes. Desta forma, apesar da sustentabilidade nessa altura não ser muito relevada, já estava intrínseca na visão do FC Porto a busca persistente pela melhoria, privilegiando os investimentos de modernização, contínua e sustentada, do estádio”, explicou ao Green Savers Teresa Santos, responsável pela qualidade e ambiente do clube português.

O Estádio do Dragão é, claramente, o eixo da estratégia ambiental do FC Porto. A infra-estrutura é quase autossuficiente em energia, consumindo cerca de 1070 tep, por ano, em energia (electricidade e gás natural). Isto representa um custo de €353 mil. “O consumo de gás corresponde a cerca de 20% do consumo total de energia”, revela Teresa Santos.

Ao longo dos anos, o estádio tem recebido a visita de vários responsáveis por infra-estruturas idênticas na Europa e resto do mundo, uma curiosidade gerada pelo facto do Dragão ter sido o primeiro estádio de futebol do mundo classificado com cinco estrelas pela UEFA – organização que superintende o futebol na Europa –, recebendo a certificação integrada de qualidade e ambiente.

Pavilhão segue sustentabilidade do estádio

Nos últimos cinco anos, o clube redução o consumo de água em 30% e a electricidade em 20%. Por outro lado, a taxa de separação de resíduos atingiu, na época passada, os 42%. “Esta época, comparativamente com a anterior, já reduzimos em 10% a produção de resíduos indiferenciados”, continuou Teresa Santos.

Paralelamente, 40% do consumo total de água é proveniente do furo artesiano, que é utilizado no sistema de rega e limpezas.

Esta faceta ecológica foi também incorporada no Dragão Caixa. Na fase de projecto, o pavilhão foi alvo de um estudo profundo com vista à optimização da eficiência energética do edifício, o que levou à escolha criteriosa dos materiais de revestimento, assim como à implementação de alguns sistemas e equipamentos, como painéis solares, que permitiram uma redução no consumo de gás para aquecimento de águas quentes sanitárias.

Assim, foram colocados lanternins, que proporcionam a ventilação e iluminação natural do recinto, permitindo uma redução no consumo de electricidade e gás; um sistema de regulação automático da intensidade luminosa, que regula a intensidade luminosa do recinto de acordo com a iluminação exterior; e a climatização do recinto através dos degraus da bancada, proporcionando aos utilizadores um maior conforto, dado ser uma insuflação localizada a cotas inferiores, que permite também uma maior eficiência energética.

Além disso, todas as torneiras estão equipadas com fluxómetros, permitindo uma redução dos consumos de água.

Reciclagem e educação ambiental

Em dias de jogo, a reciclagem do Dragão é assegurada por 20 funcionários da limpeza, que procedem à separação dos resíduos produzidos nas galerias, após o início do jogo e ao intervalo. Paralelamente, os funcionários dos bares e do catering procedem também à separação de todos os resíduos produzidos nesses locais.

No final do jogo, todos os resíduos produzidos nas bancadas são separados por essa equipa de limpeza e encaminhados para a central de resíduos, juntamente com os restantes resíduos. Diariamente, um funcionário do FC Porto está presente na central de resíduos, que verifica todos os resíduos entregues e, se necessário, faz uma pequena triagem, armazena e envia para o destino final adequado.

Mas a estratégia do clube não se fica por aqui. O FC Porto aposta na educação ambiental para tentar que os seus adeptos mudem os comportamentos, uma acção que facilitará, no futuro, os próprios processos do clube.

Para além de jogos que incentivam os adeptos a colocarem as embalagens no ecoponto correcto, o clube lançou o Dia Azul: Papel é no Dragão, uma iniciativa que convidava os adeptos a trazerem papel ou cartão das suas casas, que poderiam ser depositados em qualquer um dos contentores azuis do estádio.

Em troca da reciclagem, os adeptos recebiam uma  jogada da sorte na Slot Machine Ambiental, que automaticamente lhes atribuía um prémio e, por sorteio, 25 viagens para a meia-final da UEFA Europa League.

Como o Green Savers adiantou ontem, há muitas novidades na calha. O FC Porto está a mudar todas as lâmpadas fluorescentes tradicionais para as LED, o que implicará “uma redução de energia em cerca de 70%, comparativamente com o consumo das lâmpadas existentes”. Este projecto está em fase de pré-instalação.

Em estudo está ainda a implementação de uma central de microgeração, de acordo com Teresa Santos, sendo que um dos objectivos a curto prazo é a publicação de um relatório de sustentabilidade.

Recorde também um dos últimos episódios do Economia Verde, que visitou o Estádio do Dragão e resumiu 10 anos de iniciativas verdes do português.

 





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