A floresta portuguesa ainda é sustentável?



As sucessivas vagas de incêndios florestais estão a provocar enormes impactos ambientais e sociais, sobretudo no interior do país, levando inclusivamente a Quercus a colocar em causa a própria sustentabilidade da floresta.

A associação alerta ainda para o facto do actual ordenamento florestal dificultar em muito o combate aos incêndios, e cita um dado pouco conhecido: as folhas e cascas de eucaliptos em chamas são projectados a distâncias que podem chegar aos três quilómetros, abrindo sucessivas frentes de incêndio. O episódio mais recente aconteceu no passado dia 13 de Agosto, quando um “projéctil” assim voou sobre os mais de 300 metros de largura (naquele ponto) da Albufeira de Castelo do Bode, iniciando um foco de incêndio do outro lado.

Naturalmente que há muito a fazer, não só em termos de combate aos incêndios – levando em conta a especificidade com que cada espécie arde – mas também na forma como estes começam, porque sabe-se que 98% das ignições iniciais têm origem humana. Umas de forma criminosa, mas muitas também por negligência. Ainda assim, é essencial fazer “uma reflexão profunda na sociedade sobre a problemática dos riscos na floresta, para que seja alterado o paradigma da floresta que temos”.

Até porque, como também refere a associação, “a seca extrema e severa da vegetação, associada às condições meteorológicas adversas estão a aumentar os impactes dos incêndios, com a destruição da floresta em milhares de hectares, as emissões de fumo, libertação de dióxido de carbono, partículas e outros compostos e o risco de contaminação de linhas de água com as cinzas. Também a fauna selvagem e as espécies cinegéticas estão a ser severamente afectadas pelos incêndios com a morte de milhares de animais de várias espécies.”

A Quercus está preocupada com os impactes dos milhares de hectares de espaços florestais afectados pelos incêndios “desde a primeira vaga de incêndios em Junho na área da bacia da Albufeira de Castelo de Bode no rio Zêzere, nos concelhos de Figueiró dos Vinhos, Ferreira do Zêzere, Sertã, Vila de Rei, Abrantes e Tomar, devido também à degradação da água quando forem arrastadas as cinzas para o rio Zêzere e ribeiras afluentes. Apesar do tratamento da água efectuado pela EPAL, devem ser reduzidos os riscos preventivamente com a reflorestação e gestão de activa com o objectivo de conservação dos recursos naturais.”

Foto: Public Domain





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