A importância dos bairros homossexuais na comunidade
Para a ante-estreia da sua nova série – Looking -, que retrata o quotidiano de três homens homossexuais na Bay Area (São Francisco, Estados Unidos), a HBO escolheu um dos epicentros da cultura gay, o Castro Theater, naquela que é talvez a cidade mais amigável para os homossexuais do mundo. Este teatro fica localizado no centro de um dos bairros homossexuais, que são conhecidos por “gayborhoods” (derivação da palavra inglesa para bairros – “neighborhoods”), mais prósperos do mundo.
Os economistas especulam já há algum tempo sobre os efeitos dos “gayborhoods” em tudo, desde a diversidade ao preço das habitações e gentrificação desses locais. Um tema comum a esta análise é o facto de os bairros com uma densidade acima do normal de residentes gays serem por definição mais diversos e mais abertos, com uma diversificação social, étnica e socioeconómica maior. Outro argumento comum é que os homossexuais frequentemente potenciam a revitalização de bairros degradados e com uma grande taxa de criminalidade – e a sua presença pode ser encarada como um passo inicial para a gentrificação e para a precursão de um aumento dos preços das habitações.
Porém, antes de conseguirem esclarecer estas interacções complicadas, os investigadores enfrentam um dilema ainda mais básico: sempre foi difícil perceber o quão diferentes estas concentrações de residentes gays e lésbicas destes “gayborhoods” realmente são.
Não existe a opção de identificar a orientação sexual nos Censos, nem qualquer quantificador para estudar a comunidade LGBT. Os investigadores têm utilizado outros quantificadores relacionados, desde mailing lists dos bares gays aos votos para os candidatos notáveis a activistas gays.
Apesar destes problemas de quantificação da população homossexual, rastrear os locais escolhidos pelos gays e lésbicas para habitar é uma parte importe para perceber a transformação dos bairros. É o que estão a tentar fazer Janice Madden e Matt Ruther, investigadores da Universidade da Pensilvânia e da Universidade do Colorado Boulder, respectivamente.
O estudo destes investigadores foca-se em questões como onde, como, se e porque se formam os “gayborhoods”. “Onde e como as famílias gays e lésbicas se aglomeram nos bairros citadinos?”, “Até que ponto os gays e lésbicas se agrupam de forma diferente e em bairros diferentes?”, “Como exactamente é que esses “gayborhoods” se diferenciam dos outros bairros?”, “São os bairros gays realmente mais diversos do que os outros bairros?” e “Até que ponto os gays são gentrificadores iniciais?”, são algumas das questões a que o estudo destes investigadores pretende responder, refere o Atlantic Cities.
Uma das conclusões já retiradas por Madden e Ruther é que os gays e as lésbicas tendem a agrupar-se em bairros diferentes. E os bairros gays tendem a ser mais sustentáveis que os bairros com residentes lésbicas. Outra das conclusões é a correlação entre os bairros gays e alguns traços de gentrificação.
As conclusões dos investigadores são uma tentativa de perceber como a aceitação crescente das comunidades lésbicas e gays da última década alterou a dinâmica de alguns bairros norte-americanos.
Foto: thetalesend / Creative Commons