“A sustentabilidade é fundamental para a sobrevivência de qualquer empresa, e a Lagoas Park não é exceção”



O Lagoas Park está a levar a cabo um plano de investimento e de remodelação geral de 25 milhões de euros, na área da sustentabilidade, cuja ambição é tornar-se um dos parques empresariais do País mais sustentáveis e amigos do ambiente. Em entrevista à Green Savers, Ronan Webster, Diretor de Gestão de Ativos da Henderson Park, que é proprietária do Lagoas Park, explica o projeto que tem vindo a ser implementado no parque.

O responsável considera que “a sustentabilidade é fundamental para a sobrevivência de qualquer empresa, e a Lagoas Park não é exceção” e sublinha que uma estratégia centrada em pilares sustentáveis “assume um papel determinante na competitividade, particularmente num cenário de mudanças climáticas e de recursos limitados”.

– O Lagoas Park está a levar a cabo um plano de investimento e de remodelação geral, na área da sustentabilidade, cuja ambição é tornar-se um dos parques empresariais do País mais sustentáveis e amigos do ambiente. De que forma tencionam atingir esse objetivo?

O Lagoas Park tem como objetivo integrar as práticas ESG nas suas operações diárias, bem como nos processos de investimento, promovendo a melhoria da sustentabilidade dentro da propriedade e está, atualmente, a ser submetido a um programa de investimento de 25 milhões de euros pelos proprietários do parque, a Henderson Park.

O Lagoas Park está totalmente empenhado em atuar de forma responsável para o benefício, a longo prazo, de assegurar um futuro sustentável para os seus clientes, parceiros e às 7.000 pessoas que visitam e trabalham diariamente no parque. O nosso grande objetivo é minimizar os impactos no ambiente através das nossas operações diárias, nomeadamente:

  1. Trabalhar da forma mais eficiente em termos energéticos: sistema de gestão técnica centralizada que permite a definição de horários em todos os nossos edifícios para controlar a iluminação, o tratamento do ar e o ar condicionado, para trabalhar apenas durante o horário normal de expediente.
  2. Otimização da gestão dos recursos hídricos: quer no exterior, para a manutenção dos jardins e lagos do parque, através de uma gestão rigorosa da água captada nos furos artesianos e na utilização da água da chuva, quer no interior, através da instalação de torneiras de baixo consumo para reduzir o consumo de água, incluindo um sistema de alarme para monitorizar o consumo e evitar fugas;
  3. Tratamento e Reciclagem de Resíduos: aumento significativo da percentagem de reciclagem de resíduos, através da melhoria dos procedimentos existentes, da renovação e aumento dos pontos de recolha, do reforço da formação dos colaboradores. Instalação de balanças para pesagem de resíduos em todos os edifícios.
  4. Community Engagement: desenvolvimento e implementação de um programa ambicioso de atividades para toda a comunidade Lagoas Park, bem como o fortalecimento das relações com toda a comunidade envolvente, através da criação de programas de apoio com entidades locais (associações, etc.) e com entidades públicas.
  5. Contratos de arrendamento ecológicos e certificações: o Lagoas Park implementou uma estratégia que visa regular um plano de ação contínuo que deve ser respeitado, não só pelo Lagoas Park, mas também pelos seus clientes.

O Lagoas Park pretende que os seus edifícios tenham a certificação internacional BREEAM In-Use entre 2022-2025. Os edifícios de escritórios do Lagoas Park foram cuidadosamente concebidos para serem sustentáveis, o que significa que têm em conta as necessidades do negócio e o bem-estar dos utilizadores, e a certificação dos edifícios é a ultima etapa desta filosofia de desenvolvimento sustentável.

No Lagoas Park, reconhecemos a contribuição positiva de um programa ESG bem sucedido para o ambiente, as pessoas e o potencial de valor em todas as fases do ciclo de vida de uma propriedade.

– Qual o valor do investimento e está distribuído em que áreas de intervenção?

O Lagoas Park está a ser alvo de um enorme investimento de reposicionamento de cerca de 25 milhões de euros, tendo como principais pilares as seguintes áreas de intervenção:

  • Atualização das infraestruturas

Reformulação das infraestruturas gerais para opções mais eficientes e modernas, como é o caso da substituição integral do sistema de rega do parque, a eliminação de equipamentos a gás em substituição de equipamentos elétricos eficientes, instalação de contadores de energia inteligentes, instalação de painéis solares fotovoltaicos, etc.

  • Reformulação das zonas comuns

Novos Interiores – renovação das zonas comuns dos edifícios, através da criação de espaços confortáveis e funcionais, com a utilização de materiais nobres, dando prioridade a fornecedores locais, para reduzir a pegada ecológica. O conceito de iluminação foi projetado tendo em conta a certificação energética do edifício.

Novos Exteriores – O reposicionamento do Lagoas Park terá em conta a remodelação dos seus principais espaços públicos exteriores, sendo que o objetivo é continuar a promover estas zonas como parque urbano público funcional, com múltiplos equipamentos, tais como: auditório exterior; mobiliário de exterior; áreas de alimentação; áreas de lazer, etc.

  • Community Engagement

Programa anual de eventos para motivar o envolvimento dos utilizadores e da comunidade, com foco em atividades que incorporam práticas sustentáveis e de responsabilidade social.

  • Certificação

Implementação das análises e medidas necessárias com o objetivo de obter as certificações BREEAM IN USE para cada edifício, em linha com projeções definidas a longo prazo.

– Sobre este projeto que tem vindo a ser implementado no parque, o que é que já foi feito e o que é que ainda pretendem fazer?

Em termos de projeto de investimento, o Lagoas Park está, neste momento, sensivelmente a 50% da sua execução, destacando-se como principais objetivos já concluídos os seguintes:

– Reformulação das zonas comuns de 6 edifícios;

– obtenção da certificação Breeam In-Use (score: Excellent) em 2 edifícios de escritórios;

– instalação de 231 painéis solares fotovoltaicos num dos edifícios do parque;

– instalação de contadores de energia inteligentes, que permitem a monitorização de consumos de energia e a implementação de planos de racionalização energética;

– instalação de torneiras de baixo consumo para reduzir o consumo de água, incluindo um sistema de alarme para monitorizar o consumo e evitar fugas;

– substituição da utilização de gás para aquecimento em todos os edifícios de escritórios por equipamentos de origem energética mais eficiente;

– substituição de toda a iluminação existente (interior e exterior) por iluminação LED.

Por outro lado, estão ainda em curso ou em projeto os seguintes investimentos:

– reformulação das zonas comuns dos restantes edifícios de escritórios;

– reformulação integral da Praça Central e da Galeria Comercial;

– substituição da rede de rega de toda a área exterior do parque;

– processo da certificação Breeam In-Use nos restantes edifícios de escritórios;

– está também em projeto a instalação de painéis fotovoltaicos no interior do parque, de modo a que parte da energia consumida pelos edifícios seja proveniente de fontes renováveis.

– O Lagoas Park já contrata 100% de energia verde para o consumo de todo o parque, mas quer ir mais alem e produzir a sua própria energia. De que forma?

Estamos a realizar investimentos para a instalação de painéis solares dentro do parque, onde já instalámos 231 painéis no edifício 8 como projeto pioneiro, que já está a produzir até 24% do consumo energético do edifício. Pretendemos replicar este projeto em todo o parque, nomeadamente analisar a possibilidade de investir numa central solar num local próximo.

– Entre os exemplos de algumas medidas que já foram implementadas ao nível da sustentabilidade no parque, constam Estudos de biodiversidade e impacto por alterações climatéricas. Como é que estes foram elaborados?

Foram implementados estudos de avaliação da biodiversidade e manutenção dos espaços exteriores, incluindo a implementação de estratégias para melhorar e aumentar a biodiversidade e boas práticas, tais como: instalação de casas para pássaros e morcegos, alimentação de colónias de patos nos lagos, preservação de espécies aquáticas na limpeza dos lagos, entre outras. Uma vez que o Lagoas Park inclui uma gama tão diversificada de espaços exteriores, é também possível classificar as “áreas verdes” do local como “Habitats que suportam significativamente espécies nativas locais”.

No que diz respeito à exposição do Lagoas Park a vários fatores climáticos, foi efetuada uma avaliação da exposição do activo aos riscos de inundação e aos perigos naturais. A avaliação da exposição ao risco de inundações confirma que o nível de risco é baixo, enquanto a avaliação do risco de perigos naturais se centra na avaliação de todos os potenciais riscos naturais, desde erupções vulcânicas, movimentos de terra, sismos, tsunamis, temperaturas elevadas, frio intenso, secas, incêndios florestais, entre outros, e como resultado desta avaliação é classificado o nível de risco e as medidas de mitigação a adotar. O risco sísmico foi identificado como uma caraterística da grande maioria dos ativos localizados em Portugal, mas de acordo com o que também faz parte das medidas de mitigação, estes ativos consideraram a adaptação estrutural dos ativos a estas condições de acordo com os estudos de estabilidade e projeto estrutural realizados aquando da sua construção de acordo com a regulamentação nacional de construção. No que respeita aos riscos associados a tempestades, ventos e chuvas fortes, esta avaliação inclui também a definição de estratégias de mitigação, incluindo estratégias que acabam também por fazer parte das medidas de manutenção e operação do ativo, das quais se destaca a revisão do isolamento das claraboias existentes.

– Ao longo deste projeto quais foram os maiores desafios?

Sendo o Lagoas Park o maior parque de escritórios da Península Ibérica e o mais importante de Portugal, os desafios são proporcionais à sua dimensão e importância. No entanto, a motivação em fazer parte de um processo transformacional como o que estamos a concretizar é altamente inspiradora para todos os que participam nela.

Como é habitual em qualquer processo de transformação e transição, um dos principais desafios é sem dúvida a mudança de mentalidades e atitudes. É igualmente fundamental sermos capazes de explicar a todos os envolvidos que não só é possível fazer acontecer e mudar, como é incontornável termos de o fazer.

Do ponto de vista operacional, o maior desafio é sem dúvida o desenvolvimento simultâneo de inúmeros projetos e a sua execução num espaço de tempo relativamente curto, e ao mesmo tempo termos que garantir o pleno funcionamento do parque e o mínimo de incómodo possível para os seus utilizadores.

– Considera que a sustentabilidade já melhorou substancialmente a competitividade da empresa?

A sustentabilidade é fundamental para a sobrevivência de qualquer empresa, e a Lagoas Park não é exceção. Uma estratégia centrada em pilares sustentáveis assume um papel determinante na competitividade, particularmente num cenário de mudanças climáticas e de recursos limitados, como o que vivemos atualmente. Empresas que se adaptam a essas realidades e atuam de forma responsável estão mais preparadas para enfrentar os desafios futuros e se manterem relevantes no mercado.

São já evidentes os ganhos de competitividade que a implementação da nossa estratégia está a gerar, a começar pelas nossas pessoas e pelos ocupantes do Parque, que demonstram orgulho em fazer parte de um projeto de transformação como este, que acreditam que de facto podemos ajudar a mudar algo e deixar um impacto positivo. A participação crescente nos programas comunitários que temos desenvolvido é disto um bom exemplo.

Por outro lado, a aposta concreta e objetiva na reformulação das infraestruturas do Parque, dotando-o de sistemas inovadores e mais eficientes, aliada ao processo de certificação Breeam In-Use em curso, tem sido determinante na decisão dos nossos atuais Clientes em permanecer no Parque, e igualmente determinante na atração de novos Clientes, que se orientam pelas suas próprias políticas de responsabilidade ambiental, social e de governação/governança.

 

 

 





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