Acidentes de mergulho são a quarta causa de lesão medular
Jovens do sexo masculino, entre os 15 e os 30 anos, representam mais de 75% do grupo de risco de pessoas que sofre acidentes de mergulho entre Junho e Setembro. A sua ocorrência é a quarta causa de lesão medular e os estudos revelam que a maioria se verificam em locais de profundidade inferior a 150 cm. Quando superior a 3m/s, a velocidade do impacto é suficiente para causar lesões cervicais irreversíveis.
Com o aumento das temperaturas e início do período de férias de verão dos portugueses, a procura por destinos de praia e piscina é cada vez maior. Independentemente do destino, a entrada na água é uma constante, nem sempre atenta à cor da bandeira na praia ou aos avisos de não mergulho nas piscinas.
De acordo com um estudo publicado na revista de Cirurgia Ortopédica e Traumatologica Francesa, citado pelo agregador O Meu Bem Estar, na grande maioria dos casos a vítima desconhece ou conhece mal o local em que se dá o acidente.
“De facto, o mergulho ocorre em primeiro lugar e só depois de entrar na água, muitas vezes mal e com danos ligeiros, é que o alerta surge e se verificam as condições e a real profundidade do espaço”, começa por explicar Luís Teixeira, director do Spine Center.
“Na execução do mergulho a pessoa atinge cerca de 15 km/h”, esclarece o médico cirurgião ortopédico. ”Contudo, quando esse mergulho é executado numa posição quase vertical, a velocidade descreve uma trajetória descendente muito veloz em direcção ao fundo da piscina. Por outro lado, e em praias com muita ondulação, as pessoas tendem a mergulhar em zonas de rebentação em que ainda têm pé, sendo frequente a postura incorrecta. No momento do impacto no solo, a posição da cabeça e coluna vertical vão determinar tudo, mas antes é a análise do espaço que se torna fundamental”, alerta o especialista que não esquece também que entre 38% a 47% dos casos ocorrem após consumo de drogas ou de bebidas alcoólicas.
COMO OCORREM AS LESÕES EM MERGULHO
1.Ao mergulhar com o corpo curvado em local raso, a cabeça bate no solo.
2.Após o impacto com o solo, o pescoço recebe o peso do corpo, absorvendo o impacto e produzindo uma brusca flexão ou extensão do pescoço podendo ocasionar uma fractura ou deslocamento de vértebra cervical, (geralmente a C5 ou a C6), que pode resultar em trauma da medula espinhal.
3.A fractura ou luxação das vértebras comprime a medula responsável pela transmissão das ordens vindas do cérebro para todas as regiões do corpo humano.
4.A compressão da medula causa uma necrose (morte dos tecidos e células da região atingida), o que impede a transmissão dos estímulos vindos do cérebro e também da sensibilidade dos membros
5.A pessoa fica paralisada e não sente os seus membros. De acordo com o grau da lesão da medula, o mergulhador pode ficar tetraplégico, (sem movimentação nos braços e nas pernas) ou paraplégico, paralisado apenas nas pernas.
Foto: SuperFantastic / Creative Commons