Acordo de Paris fundamental para evitar mais de 80% de mortes por calor no Médio Oriente e Norte de África



Mais de 80% das mortes relacionadas com temperaturas muito elevadas ou extremas nas regiões do Médio Oriente e do Norte de África podem ser evitadas se for possível manter o aquecimento do planeta abaixo dos dois graus Celsius até 2100, face aos níveis pré-industriais, ou seja, na segunda metade do século XIX.

A conclusão é avançada por um grupo de investigadores do Chipre e do Reino Unido que, num artigo publicado esta semana na revista ‘The Lancet – Planetary Health’, alertam que se as emissões de gases com efeito de estufa se mantiverem elevadas é previsível que, até ao final deste século, 123 pessoas em cada 100 mil nessa região do planeta morram anualmente devido ao calor excessivo.

De acordo com estes cientistas, esta previsão é cerca de 60 vezes superior aos números atuais e “muito maior do que as previsões em cenários semelhantes a nível mundial”. A boa notícia é que, se for possível manter o aquecimento global abaixo dos limiar dos dois graus Celsius, será possível evitar uma grande porção de mortes causadas pelo calor, mas para isso é preciso que os países na região cooperem de forma a reforçar a sua resiliência face às alterações climáticas.

Para Shakoor Hajat, Professor de Saúde Ambiental Global na London School of Hygiene and Tropical Medicine, em Londres, e principal autor do artigo, a próxima cimeira global do clima, a COP28, que acontece entre 30 de novembro e 12 de dezembro deste ano no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, será crucial para que os governos do Médio Oriente e do Norte de África possam discutir “como os países na região podem trabalhar melhor em conjunto” para atingir esse fim.

Essa região do mundo, alertam os autores, é uma das mais vulneráveis às alterações climáticas, como os modelos científicos a preverem que a temperatura máxima possa chegar quase aos 50 graus Celsius até 2100, o que pode fazer com que algumas áreas possam mesmo tornar-se ‘zonas mortas’, nas quais será impossível do humanos sobreviverem.

Tudo indica que o Irão será o país da região estudada que mais sentirá o impacto do aquecimento global, com previsões de 423 mortes por cada 100 mil habitantes até ao final do século, seguido pela Palestina (186), pelo Iraque (169) e por Israel (163).

Por isso, os investigadores dizem que é preciso acordar e implementar medidas mais robustas de mitigação e de adaptação aos efeitos das alterações climáticas, pois soluções tradicionais, como aparelhos de ar-condicionado, não serão suficientes, avisam.

“Será preciso limitar o aquecimento global a dois graus Celsius para evitar os impactos catastróficos sobre a saúde estimados no nosso estudo”, afirma Hajat, apontando que, “mesmo com ações mais fortes, os países na região precisam de desenvolver outras formas, além do ar-condicionado, para proteger os seus cidadãos dos perigos do calor extremo”.

Assim, argumenta que o reforço dos sistemas de saúde e uma melhor coordenação entre os governos do Médio Oriente e do Norte de África “serão fundamentais”.





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