Acordo europeu sobre clima é “claramente insuficiente” para cumprir metas, alerta a Quercus



O acordo europeu para redução de gases com efeito de estufa em 55% até 2030 é, segundo a associação Quercus, “claramente insuficiente” para cumprir o objetivo definido no Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5º graus.

“À luz do conhecimento científico atual, a União Europeia necessita aumentar o seu nível de redução de emissões, em termos absolutos, para pelo menos, 65% até 2030. Estamos em emergência climática a nível mundial e urge fazer mais e melhor pelo nosso planeta”, defendeu a associação ambientalista, em comunicado hoje divulgado.

A presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (EU) e o Parlamento Europeu chegaram hoje a um acordo político provisório que legisla o objetivo da neutralidade climática da União Europeia (UE) em 2050.

“Os negociadores do Conselho Europeu [ao qual Portugal preside] e do Parlamento Europeu chegaram a um acordo político provisório que legisla o objetivo da neutralidade climática da União Europeia em 2050 e a meta de redução coletiva líquida das emissões de gases com efeito de estufa (emissões após a dedução de remoções) em pelo menos 55% no ano de 2030, por comparação com 1990”, de acordo com um comunicado sobre o acordo.

A Quercus “considera importante” que o acordo “estabeleça que a meta de 55% não seja considerada uma meta líquida entre o nível de emissões e o nível de remoções, mas sim uma meta a atingir pela redução de emissões em termos absolutos, ou seja, já descontando as absorções de CO2 por florestas e outros sumidouros de carbono”.

“Defendemos uma meta forte e ambiciosa apenas para a redução de emissões e uma meta separada e adicional para o aumento do nível de absorção nos sumidouros naturais de carbono. Consideramos que as metas e os objetivos devem ser estabelecidos com clareza e cumpridos sem truques nem malabarismos com os números”, defendem os ambientalistas.

A Quercus congratula-se com o objetivo da neutralidade climática até 2050, defendendo que Portugal deve investir na transição climática os fundos da recuperação económica.

Para a associação “é urgente acelerar o cumprimento das metas de redução de impactes sobre o clima e de redução de emissões de gases com efeito de estufa em termos absolutos”, mas alerta que esses objetivos devem ser atingidos com florestas “resilientes e adaptadas ao nosso clima”, que “não são comportáveis com extensas manchas de eucalipto”, que devem ser substituídas por espécies “autóctones e mais resilientes aos incêndios”.

“Por último, este acordo provisório firmado na véspera da Cimeira de Líderes dedicada ao Clima, promovida pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, indica que a Europa pretende manter um papel de liderança mundial na luta contra as alterações climáticas. Esperamos que este acordo provisório se torne definitivo, ultrapassando resistências de alguns países europeus, como a Polónia e a Hungria, e que as metas a consignar na Lei Europeia do Clima sejam sólidas e consequentes com as intenções demonstradas”, refere ainda a Quercus.





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