Activista ambiental às portas da morte para proteger zonas húmidas de Trinidad e Tobago
O professor e activista ambiental Wayne Kublalsingh está há 67 dias em greve de fome como forma de protesto contra a construção de uma auto-estrada de quatro faixas, que irá destruir as zonas húmidas e habitat selvagem de Trinidad e Tobago. Segundo a Vice, Kublalsingh está às portas da morte – os médicos locais afirmam que não deverá sobreviver até ao final da semana.
Kublalsingh diz que a sua greve de fome é uma “forma de guerra pacífica” constra o Governo da ilha caribenha. “Faço isto pela Trinidad e Tobago, contra os crimes económicos cometidos contra as pessoas, contra os crimes de colarinho branco e o falhanço do Governo em justificar as suas acções”, explicou o professor de literatura, história e economia, despedido da Universidade de West Indies em 2013, devido aos seus protestos.
A nova auto-estrada irá rasgar um local considerado de interesse global pela UNESCO e tirar a casa a 13 comunidades que lá vivem. O Governo tobaguenho já comprou as 300 casas da região, utilizando “ordens de compra compulsórias”.
Segundo o ambientalista canadiano Macdonald Stainsby, a estrada deverá ser usada para promover a construção de minas de areias betuminosas, num processo altamente insustentável. Por detrás desta acção estão empresas canadianas, de acordo com Stainsby.
O Vice avança que a generalidade da população – incluindo Kublalsingh – está a favor de uma auto-estrada e do estímulo económico das regiões. No entanto, o local para a sua construção é considerado catastrófico. “Não nos podemos desenvolver até que o façamos de maneira correcta, até que possamos monetizar os recursos de forma igual. De outra forma estamos apenas a transferir a riqueza de um sector para o outro – e isso não é desenvolvimento”, continuou o professor ambientalista.
A construção da auto-estrada custará mais de €800.000 (R$ 2,5 milhões) e será assegurada pela empresa brasileira OAS Construtora – com trabalhadores brasileiros. Uma das secções já construídas colapsou recentemente devido às fortes chuvas. “Há várias forças contra o Governo – a oposição, a Igreja, sociedade civil, sindicatos, universidade – o Governo ficará isolado e não terá outra opção que negociar [com todas estas entidades]”, concluiu.