ADN já chegou às ETAR – e vai revolucioná-las



“PER NILSEN, PROFESSOR DA FACULDADE DE ENGENHRIA E CIÊNCIA DA Universidade de Aalborg, Dinamarca, deu início ao quarto e último dia do Congresso Mundial da Água em Lisboa, com o tema “The DNA revolution in Water engineering: the secret lives of the microbes that drive these systems”.

O tema era complexo e o sotaque de Nielsen nem sempre ajudou, mas as ideias chegaram rapidamente ao público – e muitas delas eram inovadoras. Segundo Nielsen, nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), o tratamento secundário inclui, em regra, tratamento biológico. Nesse habitat, os microrganismos, como bactérias, são os protagonistas, desempenhando o papel da degradação de parte da matéria residual que chega à ETAR.

De uma forma simples, os microrganismos alimentam-se da matéria orgânica, realizando todo o seu ciclo de vida nesse meio. Mas, afinal, que microrganismos é que desempenham tal papel? Como podemos perceber, na realidade, a sua actividade?

De acordo com o responsável, o campo de investigação de análise de ADN viu avanços importantes com o Projecto do Genoma Humano, terminado em 2003. Desde então, abriram-se portas para a aplicação da análise de ADN noutros domínios, como no tratamento de águas residuais.

Na área da microbiologia, frisou Professor Per Nielsen, a identificação das espécies microbiológicas e respectiva função é essencial quando se pretende recrutar estes seres para um determinado papel. O ADN permite obter essa ligação, diga-se, identificação e função.

No âmbito da análise de ADN de microrganismos nas ETAR, foi desenvolvido um banco de dados de micróbios em tanques de lamas ativadas (um dos tratamentos biológicos), podendo ser consultado em http://midasfieldguide.org/. Numa ETAR com tal tratamento foram identificadas cerca de 110 espécies de microrganismos, sendo que cada um deles é composto por 5.000 genes, cinco vezes menos complexas que o Homem.

“O ADN é a blueprint da atividade microbiana”, revelou Per Nielsen. O estudo da função de cada espécie permite uma melhor orientação do tratamento biológico, tornando-o mais eficiente, o que constitui um contributo para a qualidade final da água tratada.

Além disso, alertou o professor, a análise de ADN, agora mais evoluída e menos dispendiosa, pode e deve ser aplicada noutros sistemas de engenharia, como por exemplo, na remediação dos solos ou na recuperação de recursos de sistemas”.

A futura Engenheira do Ambiente Inês Vieira vive em Lisboa e foi uma das três vencedoras do concurso “Repórter da Água”, organizado pela Águas de Portugal para promover o Congresso Mundial da Água, a realizar-se esta semana em Lisboa.

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Foto: Andy Leppard / Creative Commons





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