Afinal, o gelo na Gronelândia é mais sensível do que se pensava
Em 2019, o cientista Andrew Christ da Universidade de Vermont decidiu analisar um tubo que tinha perfurado 1,4 quilómetros de profundidade de gelo no Camp Century, na Gronelândia, em 1966. Embora não estivesse à espera, o investigador descobriu plantas fossilizadas com folhas e ramos, em vez de areia e pedras.
“As camadas de gelo normalmente pulverizam e destroem tudo no seu caminho, mas o que descobrimos foram estruturas delicadas de plantas – perfeitamente preservadas. São fósseis, mas parecem que morreram ontem. É uma cápsula do tempo do que costumava viver na Gronelândia que não seríamos capazes de encontrar em nenhum outro lugar”, explica Andrew Christ.
Em 2020 uma equipa da Universidade de Columbia e da Universidade de Copenhagen estudou estas plantas e os sedimentos, e conseguiu perceber que a Gronelândia derreteu pelo menos uma vez e voltou a formar-se há um milhão de anos. Foi durante os recentes períodos mais quentes da história da Terra, idênticos aos que estamos a provocar com as alterações climáticas, que o gelo na localidade derreteu por completo.
A equipa conclui assim que a Gronelândia é mais sensível às mudanças que estão a ocorrer no clima do que anteriormente esperado. Como tal, existe o risco do gelo derreter de forma irreversível.
Para os cientistas é importante conhecer o passado destas zonas do Planeta para que seja possível prever as suas reações face ao aquecimento do clima e a velocidade do degelo. “Como cerca de seis metros da elevação do nível do mar estão presos ao gelo da Gronelândia, todas as cidades costeiras do mundo estão em risco”, explicam em comunicado.