África e América do Sul perderam floresta, Europa ganhou mas Portugal é exceção



África e América do Sul e Caraíbas são as regiões do mundo que maior percentagem de floresta perderam nos últimos 30 anos, com a Europa a assinalar uma reflorestação, ainda que Portugal seja uma das poucas exceções.

De acordo com os números divulgados na plataforma ‘online’ “Visual Capitalist”, que compila dados mundiais sobre áreas que vão da economia global aos mercados, tecnologia, saúde ou ambiente, Portugal perdeu em 30 anos 2,6% das suas florestas, ao contrário de Espanha, que ganhou mais 33,6%.

A plataforma faz um balanço mundial da florestação e desflorestação nos últimos 30 anos e conclui que 43% dos países viram as suas florestas reduzidas, 38% ganharam área florestal e 19% mantiveram-se igual.

Desde 1990 o mundo perdeu mais de 04% das suas florestas, uma área equivalente a metade da Índia.

Por continente, indicam os dados da plataforma, África perdeu 16,64% das suas florestas (Argélia, Marrocos e Egito ganharam floresta mas são exceções), com a Costa do Marfim a apresentar a maior desflorestação, 63,9%. Angola e Moçambique perderam cerca de 15% cada.

A América do Norte e Central tiveram no total uma pequena variação (perderam desde 1990 0,27% das suas florestas) mas a América do Sul e Caraíbas são a segunda região do mundo com mais desflorestação em 30 anos, 15,4º%.

Neste continente destaca-se pela positiva o Uruguai, que mais do que duplicou a área florestal (aumentou 154,5%), e pela negativa países como a Argentina, Brasil e Paraguai, com grandes percentagens de desflorestação.

Na Europa, com um aumento de 2,26% de florestas, sobressaem a Islândia e a Irlanda como países onde as florestas mais aumentaram. E se a Oceânia não teve alterações, a Ásia foi o continente com maior aumento florestal desde 1990, 6,10%, tendo só a China aumentado a florestação em 40%.

Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estiveram na base do cálculo da mudança florestal líquida por país e região, diz a plataforma, cujos responsáveis lembram que as florestas, que ocupam atualmente 31% da superfície terrestre total, são as grandes captoras de carbono e fundamentais para habitats da vida selvagem e para recursos vitais para os humanos.

Na análise nota-se que, embora a perda líquida de floresta em todo o mundo seja muito grande, a taxa de perda de floresta abrandou nas últimas três décadas. E acrescenta-se que ainda assim países da América do Sul e de quase toda a África continuam a aumentar a desflorestação.

A plataforma dá como exemplo o Brasil, cuja perda de floresta amazónica se deve em grande parte à utilização da terra para criar gado.

“Estima-se que 80% da área de terra desmatada da Amazónia tenha sido substituída por pastagens, sendo que a produção de carne de bovino resultante é conhecida por estar entre as piores carnes para o ambiente em termos de emissões de carbono”, diz-se na plataforma, que destaca outro “grande motor” de desflorestação, a agricultura de sementes e óleo de palma, concentrada na Indonésia e Malásia.

Por países e em termos de quantidade de área desflorestada o Brasil aparece em primeiro lugar, seguido da Indonésia, da República Democrática do Congo, de Angola e da Tanzânia. Por percentagem da perda florestal em relação ao total de floresta surge como mais perdedor o Paraguai (37%), seguido de Myanmar (27,22) e Indonésia (22,28%).

No documento nota-se que em cada dólar investido na restauração da paisagem há um retorno até 30 dólares. E que reduzir a desflorestação é uma das formas de atingir os objetivos climáticos, sem contar que as florestas são o maior habitat e fonte de biodiversidade, lar de quase 70 milhões de povos indígenas e subsistência de 1,6 mil milhões de pessoas.





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