Agricultores do Ribatejo Norte “sem prejuízos” e satisfeitos com caudais elevados no Tejo



As chuvas recentes e os caudais elevados no rio Tejo não causaram prejuízos no Médio Tejo, mas foram benéficas para os terrenos e pastagens no Ribatejo Norte e repuseram os níveis freáticos, disseram hoje agricultores à Lusa.

“Aqui na nossa região, desde Abrantes e Constância, foi mais uma ‘tejada’ do que uma cheia porque o rio não saiu muito do seu caudal máximo, o que permitiu uma limpeza dos terrenos, e não tivemos aqui grandes prejuízos”, disse o presidente da Associação de Agricultores dos concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação, no distrito de Santarém, sublinhando ainda a importância da reposição dos níveis freáticos.

Para Luís Damas, “os benefícios superam claramente os constrangimentos, sendo [a água] muito importante para o campo, para a produtividade da agricultura e para recarregar os aquíferos”, indicou.

O responsável da associação, que representa cerca de 300 agricultores, disse ainda que o “único senão” será um “ligeiro atraso no início das culturas de primavera”, caso de ervilha, batata e milho, devido aos terrenos estarem ainda muito alagados e não ser possível entrar com máquinas.

“Vem atrasar o início de algumas culturas e sementeiras de primavera, porque não se conseguiu ainda entrar na terra devido ao excesso de humidade, mas de resto foi um ano normal do caudal do rio aqui na nossa região. Mais para baixo, na zona da Lezíria, onde o Tejo espraia mais, houve alguns problemas, mas aqui não houve nada a assinalar”, declarou.

Tendo feito notar que “é o fator água que condiciona toda a agricultura”, o responsável pela associação de agricultores do Ribatejo Norte lembrou que toda a água do rio “segue agora para o mar”, tendo defendido a necessidade de se manter um “nível mínimo aceitável” na água do Tejo que corre em Portugal ao longo do ano e “não estar dependente” da que Espanha liberta.

Em causa, afirmou, estão cerca de mil hectares de terrenos férteis nas margens ribeirinhas dos concelhos de Abrantes e de Constância, onde as “oscilações dos caudais” afetam a produção de milho, trigo e girassol, e as culturas permanentes, como o olival, macieiras e amendoeiras, tendo feito notar que os agricultores “estão dependentes da boa ou da má vontade dos espanhóis em libertar água”, nomeadamente a partir da barragem de Alcântara.

“É importante que se avance com a barragem no Ocreza” – um afluente do rio Tejo – “para termos aqui uma reserva de água para quando ela falta, essencialmente no verão, para nos defendermos dos períodos de seca e das alterações climáticas”, advogou.

A Proteção Civil baixou no sábado o alerta para cheias na bacia do Tejo do nível amarelo para a categoria azul, a mais baixa de uma escala de 4 (azul, amarelo, laranja e vermelho) por via de uma “descida acentuada dos caudais debitados pelo conjunto das barragens da bacia do Tejo, com valores inferiores 1000 m3/s”, na soma dos caudais.

Segundo a Proteção Civil, as águas que se encontram nos campos e vias de comunicação vão ter uma “descida lenta devido à saturação dos solos”, tendo feito notar que, de acordo com as previsões meteorológicas, a probabilidade de ocorrência de precipitação a partir de terça-feira “poderá causar um aumento dos afluentes” na bacia do Tejo.

Ao dia de hoje existem ainda alguns constrangimentos em estradas, principalmente na zona da Lezíria do Tejo, nos concelhos de Azambuja, Almeirim, Benavente, Cartaxo, Golegã e Santarém.

O Plano Especial de Emergência ativado no dia 10 de março, na sequência do mau tempo registado em Portugal continental, prevê um conjunto de ações de modo a auxiliar as populações em caso de ocorrência de cheias no leito do rio Tejo e a publicação de comunicados sobre a evolução da situação.






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