Agricultores insurgem-se contra declarações “caluniosas” de Poças Martins sobre uso da água



A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) classificou hoje de “falsas” e “caluniosas” as afirmações do secretário-geral do Conselho Nacional da Água sobre o uso deste recurso pela agricultura, anunciando que vai apresentar uma “declaração de protesto”.

“A CAP considera tais afirmações caluniosas, além de falsas, sendo que o presidente da confederação, Eduardo Oliveira e Sousa, como representante da CAP no Conselho Nacional da Água, no próximo dia 03 de outubro irá apresentar uma declaração de protesto quanto ao conteúdo das afirmações proferidas, inadmissíveis num cargo de representação institucional”, avança a confederação em comunicado.

Numa entrevista, no sábado, à agência Lusa, o secretário-geral do Conselho Nacional da Água, Joaquim Poças Martins, alertou que a “água de graça” e os subsídios dados aos agricultores “são perversos” e que é preciso “uma mudança de paradigma” na agricultura portuguesa.

Segundo o ex-secretário de Estado do Ambiente no último Governo de Cavaco Silva, a rega em Portugal “não é feita de forma parcimoniosa” pelos agricultores, porque não se fazem contas: “Em Portugal praticamente não se paga pela água [para a Agricultura] e não se mede a água e por aquilo que não se mede nem se paga, não se poupa”, afirmou.

“Os agricultores têm que ser mais eficientes na água, têm que escolher melhor as suas culturas”, apontou, sustentando ainda que “a generalidade dos agricultores, como tem a água barata e como estão, permanentemente, habituados a muitos subsídios, não são eficientes”.

Para a CAP, estas são “afirmações falsas e acusações graves que merecem resposta e repúdio”.

“Nenhuma destas afirmações é verdadeira. Trata-se de acusações gratuitas, enganadoras, ilusórias e insultuosas, cuja conjugação e mistura apenas confunde as pessoas e adia o problema de proporções gigantescas que Portugal tem entre mãos”, sustenta.

De acordo com a confederação, “são afirmações caluniosas, irresponsáveis, que desprezam os agricultores e o esforço do seu trabalho na produção de alimentos e na viabilização dos seus investimentos” e que revelam, ainda, “um profundo desconhecimento do setor”.

Algo que, sustenta, “é muito grave atendendo ao cargo que [Poças Martins] exerce”.

“O Conselho Nacional da Água é o órgão independente de consulta do Governo português no domínio do planeamento e da gestão sustentável da água”, sublinha a CAP, detalhando que “neste Conselho têm assento mais de 50 pessoas, entre representantes da administração pública central, regional e local, da academia, de organizações científicas, económicas, profissionais e não-governamentais mais representativas nos usos da água e de personalidades de reconhecido mérito no domínio dos recursos hídricos”.

Garantindo que “a temática da água, do seu bom uso e utilização como recurso é um assunto levado muito a sério pelos agricultores e demasiado importante para se subordinar a declarações falsas e difamatórias de um único responsável”, a confederação considera que, “para expressar a sua visão deturpada do setor agrícola, [Joaquim Poças Martins] faz uma utilização abusiva do cargo institucional que ocupa”.

Neste contexto, avança que o presidente da direção da CAP “irá intervir na próxima reunião deste órgão, que terá lugar no próximo dia 03 de outubro, presidida pelo ministro do Ambiente”, para apresentar “uma declaração de protesto quanto ao conteúdo das afirmações proferidas” por Poças Martins.





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