Alerta de extinção para pequeno boto criticamente ameaçado. Mas desaparecimento “não é inevitável”



Esta semana, o comité científico da Comissão Baleeira Internacional (IWC) lançou o seu primeiro alerta de extinção para a vaquita, a mais pequena espécie de cetáceo e também a mais ameaçada em todo o mundo. Estima-se que existam hoje apenas 10 indivíduos, e estão todos concentrados no Golfo da Califórnia, no México.

De acordo levantamentos feitos nos últimos anos, em 1997, o primeiro estudo sobre a abundância da vaquita (Phocoena sinus), davam conta de 567 indivíduos. Em 2015, esse número tinha caído para os 59, e três anos depois restavam somente cerca de 10, uma redução vertiginosa de 83%. Desde então, a dimensão populacional, apesar de baixa, tem mantido uma relativa estabilidade, algo que se acredita dever-se à redução ou mesmo proibição do uso de redes de emaranhar e à remoção de redes abandonadas.

No seu alerta, o primeiro do género alguma vez emitido pela instituição, os cientistas da IWC apontam a captura acidental em redes de emalhar como a maior ameaça à sobrevivência da espécie. Ainda assim, acreditam que nem tudo está definitivamente perdido, e que se for implementada uma proibição ao uso desse tipo de artes de pesca nos principais habitats da vaquita é possível vislumbrar esperança numa possível recuperação.

“A vaquita fica enredada em todos os tipos de redes de emalhar”, declaram os especialistas, indicando que as redes usadas para apanhar camarões são especialmente preocupantes, mas as que são utilizadas na captura de totoaba (Totoaba macdonaldi) têm sido a principal causa de morte do pequeno boto na última década.

O totoaba é uma espécie de peixe com dimensões semelhantes às da vaquita e a sua captura aumentou significativamente, uma vez que “o seu valor tem disparado devido à procura por bexigas natatórias de totoaba nos mercados negros de Hong Kong e da China continental”, pode ler-se no documento.

Apesar de há vários anos se saber quais a causas da mortalidade de vaquitas, nada de significativo tem sido feito para alterar a situação, dizem os cientistas, que apontam como solução a substituição das redes de emalhar por outras que sejam mais seguras para essa espécie de mamífero marinho.

“Urgência, priorização e respostas atempadas são fundamentais. O caso da vaquita mostra como o atraso pode criar uma situação de emergência que exige ações extremas que poderiam ter sido evitadas”, salientam.

A IWC espera que este alerta de extinção impulsione “o reconhecimento dos sinais de alerta de extinções iminentes” e que mobilize ações concentras para evitar que a vaquita engrosse a lista de espécies que desapareceram devido à forma como os humanos têm lidado com o planeta e com os seus sistemas vitais.

“A extinção da vaquita é inevitável a menos que 100% das redes de emaranhar sejam substituídas imediatamente por artes de pesca alternativas que protejam a vaquita e os modos de subsistência dos pescadores”, escrevem os mais de 200 investigadores do comité científico, que deixam um alerta contundente.

“Se isso não acontecer agora, será demasiado tarde.”





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