Alimentação respeitando os limites do planeta é possível



Alimentar a população mundial respeitando os limites do planeta, nomeadamente em termos de emissões de gases com efeito de estufa, é possível e sem quebras nutricionais, lembra a associação ANP/WWF no Dia Mundial da Terra.

Na data dedicada ao planeta, também chamada Dia Internacional da Mãe Terra, a organização Associação Natureza Portugal, parceira em Portugal da internacional “World Wide Fund for Nature”, ANP/WWF, apresenta um “Plano Semanal para uma Alimentação Saudável e Sustentável”, disponível na página online da associação e que mostra as porções e o tipo de alimentos que devem compor um plano semanal para uma família de quatro pessoas.

O plano, elaborado em colaboração com a Associação Portuguesa de Nutrição mostra que o que se come “não afeta apenas a saúde das pessoas mas também a saúde do planeta”.

Ângela Morgado, diretora-executiva da ANPlWWF, afirma citada num comunicado sobre a efeméride que “a atual produção alimentar tem impactos enormes nos ecossistemas, nomeadamente ao nível da perda da biodiversidade, e um dos maiores desafios que enfrentamos é a transição para um sistema mais sustentável e que garanta um futuro em termos de segurança alimentar”.

A associação diz que pretende com o plano ajudar a população a fazer uma transição alimentar consciente, com impacto positivo na redução dos atuais efeitos nefastos da produção agrícola e piscícola, na diminuição do desperdício alimentar e na adoção de dietas mais saudáveis e sustentáveis.

“A forma como produzimos e consumimos alimentos está a colocar-nos numa emergência mundial, tanto na natureza como na nossa saúde”, diz a ANP/WWF, salientando que a produção alimentar contribui para cerca de 26% das emissões globais de gases com efeito de estufa, e que é a maior consumidora e poluidora dos recursos hídricos do mundo, prejudicial para lagos, rios e oceanos.

E diz ainda que no mundo cerca de 40% de toda a área agrícola é utilizada para produzir alimentos, que a carne, aquicultura, ovos e laticínios utilizam cerca de 84% das terras agrícolas mundiais dedicadas à produção alimentar, contribuindo para quase 60% das emissões dos alimentos, apesar de fornecerem apenas 37% das proteínas e 18% das calorias.

Em Portugal, o consumo excessivo de alimentos de origem animal é o terceiro principal fator a contribuir para uma perda de anos de vida saudável.

A propósito do Dia Mundial da Terra a organização internacional de defesa do solo ‘Save Soil’ também alerta que, devido a práticas agrícolas insustentáveis e ao consumo excessivo, cerca de metade do solo mundial já está degradado.

O Dia Mundial da Terra, este ano com o lema “Planeta versus Plásticos”, assinalou-se pela primeira vez a 22 de abril de 1970, promovido por um senador americano. A Assembleia Geral da ONU formalizou o dia em 2009.

Além de promover a preservação do meio ambiente, num equilíbrio justo entre as necessidades atuais e futuras, a efeméride destina-se a mobilizar a sociedade civil para a concretização de medidas que protejam o planeta.

O Centro de Informação Europeia Jacques Delors alerta numa mensagem sobre o dia que a Terra “está a sofrer”, que os oceanos se enchem de plástico e se tornam cada vez mais ácidos, e que o calor extremo, os incêndios e as inundações afetam milhões de pessoas.

“As alterações climáticas, as alterações provocadas pelo homem à natureza, bem como os crimes que perturbam a biodiversidade, tais como a desflorestação, a alteração do uso do solo, a intensificação da agricultura e da produção pecuária ou o crescente comércio ilegal de vida selvagem, podem acelerar a velocidade de destruição do planeta”, avisa o centro.





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