Alterações a longo prazo nas ondas e nas tempestades não tiveram impacto nas costas mundiais
As alterações nas condições das ondas oceânicas e das tempestades não causaram impactos a longo prazo nas costas arenosas nos últimos 30 anos, revela um novo estudo.
Publicado na revista Nature Scientific Reports, o estudo baseia-se em dados de 30 anos de estudos globais por satélite e modelos para investigar se as alterações das condições das ondas oceânicas terão impacto na estabilidade dos ambientes costeiros.
Prevê-se que o efeito combinado das variações das ondas, das tempestades e da subida do nível do mar provocadas pelas alterações climáticas conduza a uma alteração da posição da linha de costa ao longo da maior parte das costas arenosas do mundo.
Uma equipa de investigadores, liderada pela candidata a doutoramento da Universidade de Melbourne, Mandana Ganavati, e pelo Professor Ian Young, juntamente com colegas do IHE Delft Institute for Water Education e do Deltares dos Países Baixos, analisou as alterações na posição da linha costeira ao longo dos últimos 30 anos a nível mundial. Estas alterações na posição da linha costeira foram comparadas com as alterações nas propriedades das ondas e das tempestades ao longo das mesmas linhas costeiras.
“Embora muitas linhas costeiras em todo o mundo sejam dinâmicas, respondendo a eventos de ondas e tempestades, estas alterações tendem a ser de curto a médio prazo. No entanto, nos últimos 30 anos de dados, não encontrámos provas de que as alterações a longo prazo das ondas e das tempestades estejam a causar diretamente a recessão a longo prazo das linhas costeiras”, afirmou o Professor Young, citado em comunicado divulgado no site “Scimex”.
Mandana Ganavati explica que se “prevê que as alterações do nível médio do mar devidas ao aquecimento global resultem na recessão das nossas linhas costeiras, ameaçando, em muitos locais, casas, infraestruturas e ecossistemas”. No entanto, acrescenta, “num sentido global, a magnitude das alterações observadas nas ondas e nas tempestades nos últimos 30 anos parece demasiado pequena para ter um impacto mensurável”.
Ganavati diz ainda que “é provável que as variações no fornecimento de sedimentos pelos rios, os gradientes longitudinais no transporte de sedimentos e a gestão humana das linhas costeiras tenham tido um impacto maior na alteração da posição da linha costeira do que as alterações climáticas das ondas e das tempestades nos últimos 30 anos”.
Prevê-se que as alterações climáticas e a subida média do nível do mar provoquem uma “recessão costeira generalizada ao longo das costas arenosas ao longo do século XXI, podendo perturbar vidas e conduzir a perdas socioeconómicas maciças”. Este estudo concluiu que os conjuntos de dados disponíveis “não mostram ligações claras entre as alterações a longo prazo da linha de costa e as alterações das ondas e das tempestades nas últimas três décadas”.