Alterações climáticas reduzem capacidade de absorção de carbono pelos oceanos



Estima-se que os oceanos sejam verdadeiros ‘sumidouros de carbono’, com uma capacidade para absorver da atmosfera cerca de 31% desse gás com efeito de estufa, convertendo-os em aliados fundamentais na luta contra as alterações climáticas.

Contudo, à medida que aumenta a concentração de dióxido de carbono (CO2) gerado sobretudo pelas atividades humanas, sobe também o risco de os oceanos se tornarem cada vez mais ácidos, ameaçando diversas espécies marinhas, especialmente as que dependem de estruturas calcárias, como as conchas dos moluscos ou os ‘esqueletos’ dos corais.

Além disso, um novo estudo divulgado na ‘Nature’, revela que águas mais quentes farão reduzir a capacidade de absorção de carbono dos oceanos, que poderão passar a emitir mais CO2 do que aquele que conseguem aprisionar nas suas profundezas.

Recorrendo a amostras do leito oceânico recolhidas ao longo de mais de 50 anos, a equipa de cientistas alerta que, numa Terra mais quente, a quantidade de carbono orgânico, resultante da decomposição de plantas e animais, aprisionado nos sedimentos marinhos tenderá a ser menor e poderemos mesmo assistir ao aumento do carbono que é devolvido à atmosfera. Isto, porque a subida da temperatura fará aumentar a atividade metabólica das bactérias que decompõem essa matéria orgânica, cujo subproduto é, então, o CO2.

Os cientistas acreditam que este é o estudo mais detalhado alguma vez realizado sobre o armazenamento de carbono orgânico ao longo dos últimos 30 milhões de anos, e Mark Torres, da Rice University e um dos investigadores, explica que o ciclo de aprisionamento de carbono orgânico “é muito ativo” e que muda muito mais do que se pensava, em resposta ao clima da Terra.

Por sua vez, Yi Ge Zhang, da Texas A&M University, argumenta que “quanto mais aquecermos os oceanos, mais difícil será que o carbono orgânico afunde e fique enterrado no sistema de sedimentos marinhos”.

Os cientistas apontam que o carbono é um dos principais componente da vida na Terra, e que circula entre a atmosfera do planeta e a biosfera, durante o ciclo de vida dos animais e das plantas, bem como durante a sua decomposição após a morte.

Explicam também que a atividade tectónica contribui para esse ciclo carbónico. Quando as placas oceânicas colidem com as placas continentais, mais espessas, são empurradas para o interior do planeta, e o carbono que absorveram durante a sua existência nas profundezas dos mares será libertado devido ao aumento da temperatura. Esse CO2 será depois libertado uma vez mais aquando das erupções vulcânicas.





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