Álvaro García Cerezales: “Na filosofia da Intel, a sustentabilidade está sempre presente”
No ano passado, a Intel foi considerada a maior compradora de energia vede nos Estados Unidos. Quase a acabar 2012, e ainda sem números para este ano, o Green Savers foi tentar perceber qual a matriz de sustentabilidade da multinacional norte-americana, numa entrevista exclusiva a Álvaro García Cerezales, o PR Manager da Intel Ibéria.
O que tem feito a Intel para levar a sustentabilidade para a indústria das TI?
A Intel é um líder reconhecido na sustentabilidade pela forma como trabalha para minimizar os impactos do meio ambiente das nossas operações e pela criação de produtos cada vez mais eficientes energeticamente.
No ano passado lançámos o Intel Energy Sustainability Lab (Intel ESL), com sede no nosso centro na Irlanda, onde se promove a investigação na utilização de novas tecnologias da informação para possibilitar uma economia de alta tecnologia e baixas emissões de carbono. Continuamos a alavancar iniciativas para fomentar as soluções livres de chumbo e halogéneo por parte do sector electrónico mundial. Por exemplo, todos os microprocessadores da Intel já não contêm chumbo desde a introdução da tecnologia de 45 nm.
Na Intel, todos os anos reciclamos uma grande percentagem dos resíduos que geramos na nossa actividade. Este compromisso começou em 1971 e continuamos a esforçarmo-nos para encontrar o melhor caminho para minimizar os gastos, reutilizar os materiais e reciclar os resíduos que geramos.
Além disso, a Intel também contribuiu activamente nas negociações da União Europeia (UE) que deram lugar a normas mais sólidas para gerir as substâncias perigosas e a recolha, recuperação e reutilização de aparelhos electrónicos eléctricos (AEE).
Em Portugal, que projectos e acções têm desenvolvido em termos de sustentabilidade?
Não existe um descritivo, discriminado por País, das acções que levamos a cabo nesta área. A informação que disponibilizamos e os projectos que realizamos são aplicáveis a nível global.
Uma das principais críticas feitas à gestão sustentável da indústria das TI é a gritante ineficiência dos data centers. O que tem feito a Intel nesta área e como pode a indústria, como um todo, rapidamente inovar neste campo?
Os custos de energia são um dos gastos de maior ascensão nos data centers. Muitas vezes não é claro se a poupança de energia é uma responsabilidade do Facility Manager ou do IT Manager. As equipas das instalações, por vezes, implementam soluções para medir e gerir a energia em rack e os níveis de PDU, mas têm pouca visibilidade no nível do servidor.
A Intel disponibiliza o Data Center Manager (Intel ® DCM) SDK que consiste numa solução de gestão de energia para os centros de dados. Esta solução fornece precisão, energia em tempo real e monitorização térmica e de gestão para servidores individuais, grupos de servidores, racks e equipamentos de informática, tais como PDUs nos centros de dados. É um recurso que é útil para as TI e administradores de instalações, permitindo-lhes trabalhar em conjunto para reduzir a pegada de energia.
O nosso objectivo passa por continuar com a melhoria da eficiência energética. A participação no Código de Conduta para Centros de Dados da UE permitiu à Intel implementar as melhores práticas para alcançar poupanças consideráveis de energia, por exemplo, no nosso centro de dados na Irlanda.
As TI são vistas como parte importante do futuro sustentável, através da inovação. As empresas – de qualquer sector – têm investido nas inovações sustentáveis das TI?
A Forrester Research prevê um forte crescimento neste mercado até 2013, devido à procura de uma poupança de custos e uma melhoria na eficiência, bem como o facto de o cumprimento de todos os regulamentos europeus se estarem a tornar cada vez mais rigorosos no que respeita à eficiência energética, gestão de recursos naturais e protecção da biodiversidade.
Independentemente da conjuntura económica, dos resultados financeiros ou do país, na Intel incorporamos os objectivos de eficiência no meio ambiente em todas as nossas actividades, procurando uma melhoria contínua de eficiência energética, a redução de emissões, a conservação dos recursos e outras áreas. Estas acções não são benéficas apenas para o meio ambiente, mas também nos ajudam a reduzir os custos energéticos, a satisfazer as necessidades dos clientes e a identificar novas oportunidades de negócio.
Em 2011 economizámos cerca de € 54,1 milhões (R$ 145 milhões) graças à nossa política de sustentabilidade e dez dos nossos projectos receberam prémios pela Excelência meio ambiental.
Em 2011 a Intel foi considerada a maior compradora de energia vede nos Estados Unidos. Na prática, o que significa isto?
Em 2011, pelo quarto ano consecutivo, a Intel foi o comprador voluntário mais importante da energia verde nos Estados Unidos, segundo dados da Agência de Proteção ambiental deste país e tornou-se na primeira empresa de semicondutores a obter a LEED Silver Certification* para um campus de certificação. Na prática, a Intel adquiriu mais 1,3 mil milhões de quilowatt/hora anuais em certificados para energias renováveis (REC). A compra da Intel inclui um portfólio de fontes de energia solar, eólica e hidroeléctrica.
Também apresentámos os primeiros transístores 3-D TriGate do mundo, que podem melhorar significativamente o rendimento e a eficiência energética de um chip de silício.
Quanto investe a Intel globalmente, por ano, em inovações sustentáveis? E em Portugal?
Neste momento, podemos dizer que esperamos poupar custos na ordem dos €54,1 milhões (R$ 145 milhões) em projectos pelos quais os nossos colaboradores receberam o Prémio Intel Environmental Ecellence Awards em 2011.
Que produtos verdes desenvolvidos pela Intel podem já ser comprados, directa ou indirectamente, pelos consumidores?
Esforçamo-nos para minimizar o impacto ambiental dos nossos produtos, seja qual for a fase do seu ciclo de vida: desenvolvimento, produção, utilização e eliminação final. Baseamos a nossa linha de produtos na performance ao nível da eficiência energética.
Em 2011, anunciámos os primeiros transístores 3D Tri-Gate, baseados na tecnologia de processadores da Intel de 22-nanómetros (nm). Os novos transístores permitem que os chips operem em baixa tensão, com risco menor de vazamento, disponibilizando um desempenho e eficiência energética bastante melhoradas para o estado de arte dos transístores anteriores.
A Intel também fundou e co-presidiu a Campanha Digital Energy Sustainability and Solutions (DESSC), uma coligação de empresas de tecnologias de informação e comunicação (TIC), organizações não-governamentais e associações comerciais orientadas para a promoção da adopção de políticas públicas que permitirão que as TIC utilizem o seu potencial máximo para melhorar a eficiência energética da sociedade e reduzir as emissões de carbono.
O Intel Lab desenvolve vários produtos sustentáveis por ano, desde bicicletas que geram energia para computadores ou sistemas de monitorização energética para casas e edifícios. Em termos percentuais, quantos dos novos produtos ou serviços que a Intel lança por ano podem ser considerados sustentáveis?
Julgo que é difícil apontarmos uma percentagem específica e precisa, mas aquilo que podemos assegurar é que na Intel os critérios da sustentabilidade, da eficiência energética e do respeito pelo ambiente são de uma importância crucial no desenvolvimento de qualquer dos nossos produtos. O “ser considerado sustentável” julgo que não deve ser um “selo” aplicado a um só produto mas sim a toda uma mentalidade e aposta estratégica. E a filosofia da Intel passa por isso mesmo: a sustentabilidade está sempre presente.
A Intel estende a sua política de sustentabilidade aos seus fornecedores, obrigando-os a partilharem dos mesmos princípios ambientais?
A Intel colabora com parceiros e clientes que promovem inovações e processos que respeitam ao meio ambiente e empresas que destinam parte do seu investimento no melhoramento da eficiência dos processos de fabrico. Na Intel não sentimos a necessidade de obrigar os parceiros a partilharem dos mesmos princípios, pois estes já o fazem de forma independente.
Que inovações iremos ter, nos próximos dez anos, no mercado da eficiência energética?
Para a Intel, o factor chave no futuro é o trabalho a nível local com parceiros e instituições para fixar objectivos comuns e conseguir alcança-los entre todos. Na Europa, a Intel trabalha em estreita colaboração com instituições académicas, o sector das instituições governamentais para promover as inovações e fortalecer a liderança tecnológica europeia na comunidade global.