Ambientalistas alertam para perigos de aumentar capacidade de queima de biomassa
Três associações de defesa do ambiente alertaram ontem para os perigos do aumento da capacidade de queima de biomassa florestal para energia, um deles o de potenciar incêndios.
“O argumento da redução do perigo de incêndio florestal pela valorização energética da biomassa florestal primária não passa de um perigoso mito propagandeado pelo setor industrial”, dizem as associações num comunicado a propósito do Dia Internacional contra o Uso de Biomassa em Larga Escala, que foi criado por organizações ligadas ao ambiente e que hoje se assinala.
A verdade, acrescentam, é que o material lenhoso ardido é muito mais barato do que o material verde e tem menos humidade, o que é positivo para o uso como “valorização energética”.
As três associações, Quercus, Acréscimo e Iris, destacam mesmo que em Portugal o aumento da capacidade do uso da biomassa para a produção de energia coincide com o aumento da área ardida em povoamentos florestais.
No comunicado as organizações lembram que o Governo aprovou recentemente um diploma para o lançamento de concurso para centrais de biomassa. Afirmando que pequenas centrais de base local podem ser benéficas, as associações dizem que há uma capacidade industrial já muito grande, com uma necessidade de material que muitas vezes é constituído por troncos de árvores e não por sobrantes.
Aumentar a capacidade industrial, além de potenciar o perigo de incêndios, aumenta o perigo de perda de coberto arbóreo autóctone, pela pressão dessas unidades para terem material para queima direta ou para produção de “pellets”.
Outro perigo, de acordo com o comunicado, relaciona-se com a expansão de espécies exóticas e invasoras ou o aumento da plantação de eucaliptos para fins energéticos. E a queima de todo esse material gera emissões de monóxido e dióxido de carbono, recordam.
“Se o Governo quer valorizar os sobrantes silvícolas e reduzir o perigo de incêndios deve valorizar os sobrantes como fertilizantes, usar a biomassa triturada para regenerar a floresta, e usar a biomassa para produção de calor em unidades de base local”, concluem as associações.