Ambiente e natureza em destaque no regresso do maior Carnaval de Cabo Verde



As políticas ambientais e de conservação da natureza vão envolver os grupos do Carnaval de São Vicente, o mais emblemático de Cabo Verde, que na terça-feira volta a sair às ruas do Mindelo após dois anos de ausência.

É o caso do grupo Estrela do Mar, um dos quatro que integra o desfile oficial, que desde que ressurgiu, em 2019, mantém a preocupação de ter no desfile “temas ligados à sustentabilidade ambiental”, como explicou à Lusa Ronise Évora.

“Aliás, o nosso tema deste ano é ‘Nô bem salva nôs planeta azul’ [vamos salvar o nosso planeta azul], com a ideia de trazer o drama sobre o aquecimento global, a poluição, a necessidade de utilização de energias limpas, a necessidade de sermos racionais na utilização de meios e necessidade da diminuição do buraco do ozono”, explicou a autora do enredo do desfile do grupo Estrela do Mar.

Um trabalho que vai ser exposto pelas ruas da cidade do Mindelo na noite de terça-feira, perante milhares de cabo-verdianos e turistas nas bancadas, com o grupo a apresentar uma proposta de salvação do mundo ou um novo mundo, limpo, que pretende retratar como Atlântida, ou não fosse Cabo Verde um dos países mais afetados pelos impactos das alterações climáticas, a viver uma seca há mais de quatro anos.

“Iremos trazer questões ambientais, a preocupação com o meio ambiente e queremos chamar a atenção para o pesadelo que tem sido esta exploração exacerbada dos recursos sem respeito”, concluiu Ronise Évora.

Alem de temas relacionados com o Carnaval, que por esta altura movimenta a ilha de São Vicente, a reutilização de materiais também é tida como política ambiental a envolver a festa deste ano. É caso do Flores do Mindelo, outro dos grupos oficiais, que reaproveita desperdícios para os transformar em arte e dar mais cor e brilho ao desfile principal.

“Há algumas coisas que reciclamos, como latas e outras que podemos reutilizar nos andores”, assegurou à Lusa a presidente do grupo, Ana Gonzalez.

Aliás, este grupo tem sede na antiga esquadra da ilha, hoje transformada num centro de criatividade e aglomera vários artistas e artesãos, denominado Quintal das Artes.

Já o Cruzeiros do Norte foi um dos grupos que tentou desfilar todos os anos, apesar das restrições impostas pela pandemia de covid-19 logo após a festa de 2020. Em 2021, o grupo desfilou na praia de Cruz João Évora, com materiais recolhidos nas limpezas das praias, com alguns foliões e lançou um documentário de proteção à vida marinha no mesmo ano e em 2022 – o segundo ano sem festa devido à pandemia – fez o mesmo na praia da Lajinha tendo o ambiente e a biodiversidade como foco principal.

“Sempre trazemos temas relacionados com a sustentabilidade e vamos usar materiais como papeis e plásticos reciclados no enredo deste ano, desde roupas aos andores”, garantiu o presidente, Jailson Juff.

Entre outras festas que já animam há vários dias a ilha de São Vicente, o Carnaval abre oficialmente hoje à noite com o tradicional desfile de abertura pela Escola de Samba Tropical como porta-estandarte da maior festa cabo-verdiana, com 1.200 foliões pelas ruas do Mindelo.

Na noite de terça-feira desfilam os quatro grupos que concorrem pela vitória em 2023, cabendo a saída ao Flores do Mindelo, seguido do Estrela do Mar, do Cruzeiros do Norte e terminando, já de madrugada, com o grupo Monte Sossego.





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