Ameixa perfeita: uma alternativa natural para conservar a carne



Um alimento nativo do mato provou ser uma alternativa natural promissora aos produtos químicos sintéticos utilizados para conservar a carne, de acordo com uma investigação da Universidade de Queensland.

Michel Beya, académico de doutoramento da Aliança de Queensland para a Agricultura e Inovação Alimentar, afirmou que as elevadas propriedades antioxidantes e antimicrobianas da ameixa de Kakadu fazem dela a candidata perfeita para um conservante à base de plantas para prolongar o prazo de validade da carne.

“O conteúdo extraordinariamente alto de vitamina C da fruta, que é um dos antioxidantes mais potentes da natureza, oferece poderosas qualidades de preservação”, disse Beya, sublinhando que “funciona inibindo o crescimento de bactérias e previne a oxidação dos produtos cárneos.”

Beya, que trabalhou com o Centre for Uniquely Australian Foods no projeto, disse que os consumidores estão cada vez mais preocupados com a forma como a carne é preservada devido a considerações de saúde, ambientais e éticas.

“Tradicionalmente, os conservantes químicos como o metabissulfito de sódio, o nitrato de sódio e o nitrato têm sido utilizados para evitar o crescimento de bactérias ou o ranço nos produtos à base de carne”, disse ainda, revelando que a “investigação que associa estes produtos químicos a riscos para a saúde, como o cancro e as doenças cardíacas, suscitou a apreensão do público”

“Há também um interesse crescente em práticas de produção alimentar sustentáveis e éticas, levantando questões sobre o impacto ambiental dos conservantes químicos e o tratamento dos animais na cadeia alimentar”, acrescentou.

Segundo Beya a ameixa Kakadu é uma alternativa sem produtos químicos com propriedades antimicrobianas, o que a torna uma escolha sustentável e eficaz para a preservação.

“Os nossos resultados mostram que os hambúrgueres de carne de vaca conservados com ameixa Kakadu tiveram uma redução significativa nas taxas de ranço, bem como inibiram o crescimento microbiano de forma mais eficaz do que as amostras sem conservantes”, disse.

Além disso, continuou, “a inclusão da ameixa Kakadu na receita não afeta o sabor da carne”.

A ameixa de Kakadu é uma espécie de árvore predominante no norte da Austrália e colhida de forma selvagem no país.

O seu pequeno fruto verde é consumido pelos indígenas australianos há milhares de anos, devido ao seu valor nutricional e terapêutico.

Beya disse que a sua investigação mostrou que a preservação era outra via para a utilização da ameixa Kakadu em empresas indígenas, permitindo simultaneamente a transferência intergeracional de conhecimentos e costumes.

“A oferta é algo limitada devido à colheita e às condições ambientais específicas que requer para crescer”, afirmou.

“Estão a ser feitos esforços para aumentar a oferta, mas à medida que o interesse cresce, cresce também a necessidade de investimento na investigação do cultivo, na colheita sustentável e no desenvolvimento da cadeia de abastecimento para garantir que a ameixa Kakadu possa satisfazer as exigências futuras”, concluiu.

A investigação foi publicada na revista Meat Science.





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