Análise GS: Desempregados portugueses fogem para o Brasil e Angola
Milhares de desempregados portugueses, a sua maioria jovens e licenciados, estão a deixar a Península Ibérica e a refugiarem-se no Brasil e Angola, à medida que a crise financeira se alastra a várias famílias e empresas.
“É a geração perdida”, chama-lhe a BBC neste artigo, que fala na maior onda de emigração desde os anos 60.
O artigo fala de Natália Santos, uma jovem professora de 29 anos, do Porto, que passou os últimos seis anos a tentar encontrar proactivamente emprego em 362 escolas. Apesar das suas referências positivas, nunca conseguiu encontrar um emprego que durasse mais do que nove meses.
Agora, Natália está preparada para seguir em frente com a sua procura de trabalho – e vida – noutro país. “Por vezes sinto-me muito frustrada e desapontada. Mas não vou desistir. Vou lá para fora porque não vou esperar que Portugal me dê alguma coisa”, explicou à BBC.
De acordo com o artigo, um em cada 10 licenciados portugueses deixa o País. Para o Brasil, Angola ou Moçambique.
Se nos anos 60 os portugueses que saíram do País eram, na sua maioria, operários, a nova vaga de emigração tem os licenciados como actores principais.
Um exemplo: em 2009 e 2010, apenas dois anos, foram registados mais 60 mil portugueses nos consulados do País no Brasil. Em Angola, em 2006, foram emitidos 156 visas a portugueses. Em 2010, o número disparou para os 23.787, a maioria para licenciados e trabalhadores altamente qualificados. Outro dado interessante: há hoje 3.000 empresas portuguesas em Angola.
A BBC conta também a história de David Bernardo, um empresário português a viver em São Paulo, no Brasil, e que, quando lançou uma página do Facebook com o sugestivo nome “Empregos para Estrangeiros no Brasil”, atraiu 20 mil pessoas em menos de um dia, sobretudo entre os 24 e 35 anos. Mais de metade eram mulheres.
Mas o fenómeno não passa apenas pela fuga para o Brasil ou Angola. O número de portugueses a emigrar para os Estados Unidos, nos últimos dois anos, aumentou 6,3%; para a Austrália aumentou 4,8% e, para o Canadá, subiu uns impressionantes 16%.