Análise GS: Rapper Will.i.am foi a Oxford falar de alterações climáticas. Mas apareceu de helicóptero.
Na luta contra as alterações climáticas, vale tudo. Até procurar figuras públicas e celebridades para promover a necessidade de transmitir aos seus fãs a importância de nos preocuparmos com a transição para a economia verde, de promover o consumo moderado, a vida saudável e sustentabilidade.
Esta semana, o rapper norte-americano Will.i.am, músico dos Black Eyed Peas, passou pelo Observatório Radcliffe, na Universidade de Oxford (Reino Unido), para explicar tudo isto. A sustentabilidade. O poder dos jovens na mudança climática. O que o futuro nos pode trazer de mais saudável.
E, no entanto, ele próprio chegou de helicóptero. Sim, leu bem, num meio de transporte que gasta quatro litros de combustível por quilómetro percorrido.
Segundo conta o The Guardian, que até foi co-promotor da iniciativa, Will.i.am chegou e foi a voar. Literal e figurativamente. O músico, que é conselheiro da multinacional Intel, terá sido “convidado” (entre aspas, claro) a participar no debate pela empresa.
Durante o evento, o rapper mostrou a sua frustração por ainda não estarmos a resolver o problema das alterações climáticas.
“É confuso. Deveria ser algo que nos preocupasse, somos humanos neste Planeta. E é confuso que não nos preocupemos. E é confuso que, se perguntarmos a uma pessoa ao acaso, na rua, sobre as alterações climáticas, ela nos dê cinco versões diferentes”, revelou.
Segundo Will.i.am, a sociedade preocupa-se mais com a economia do que com a ecologia, mas as redes sociais poderão ajudar a alterar esta comportamento. “Quanto tinha 15 ou 16 anos, queria um carro, mas os miúdos de hoje querem telefone e computadores. Querem estar ligados, laptops, tablets, telefones, iPads, partilhar as suas experiências no Facebook”, explicou. E isso é bom, porque pode tornar a mensagem do aquecimento global “digerível, tangível e fácil para as pessoas compreenderem”.
Apesar de tudo, Will.i.am tem razão. E a Universidade de Oxford, ao recebê-lo, também. O músico pode fazer mais pela luta contra as mudanças climáticas do que várias acções de activistas ambientais. Mesmo ao viajar de helicóptero entre compromissos.
E quem diz Will.i.am diz outras figuras públicas, celebridades, ídolos dos mais jovens. Porque é aqui que está a massa crítica que levará as empresas, Governos e sociedade em geral a mudar a sua percepção sobre os riscos do aquecimento global – e a optar, definitivamente, pela economia verde.
Quando Thom Yorke, músico dos Radiohead, chegou à Cimeira do Clima, em Copenhaga, a sua presença fez-se ouvir mais alto que qualquer um chefe de Estado, Obama incluído. E o presidente dos Estados Unidos, recorde-se, até apareceu de surpresa.
Duncan Clark, o jornalista do The Guardian que escreveu este artigo, termina-o de uma forma paradigmática. Enquanto ele próprio se dirigia para o comboio, para voltar ao jornal, Will.i.am twittava que estava a sair de Oxford no seu “hip.hop.copter”. E apesar da visão do músico sobre as alterações climáticas ser algo banal, previsível e simplista, é nele – e noutras celebridades – que a sociedade terá de se apoiar para fazer passar a mensagem aos mais novos. E isso nem é muito complicado de entender, pois não?