Análise: Os conselhos do Dr. Oz para a nossa alimentação



A revista Time desta semana traz-nos um interessante artigo de opinião do Dr. Mehmet Oz sobre a nossa alimentação. O que devemos – e não podemos – comer, a forma como a nossa dieta se alterou nos últimos cem anos e os produtos que nos fazem bem e mal foram alguns dos temas abordados pelo médico que, recorde-se, ficou célebre no talk show Oprah.

Oz começa por dizer que hoje o nosso corpo não tem segredos. “Sabemos hoje muito mais sobre como o nosso corpo reage à comida do que alguma vez soubemos – como moléculas específicas afectam funções específicas de células específicas”, avançou.

Segundo o Dr. Oz, se quisermos ser saudáveis deveremos esquecer os refrigerantes e, sobretudo, integrar ovos, leite, sal, gorduras, nozes, vinho, chocolate e café na nossa dieta. Confuso? Não deve ficar. De acordo com o especialista, estes alimentos têm sido injustamente diabolizados nos últimos anos, mas podem ser benéficos à nossa saúde, caso sejam consumidos com moderação.

Um exemplo: as gorduras monoinsaturadas e polinsaturadas são recomendadas para a uma boa saúde. As gorduras monoinsaturadas, como o azeite, baixam o colesterol LDL – o mau – e aumentam o HDL – o bom -, reduzindo os riscos de arteriosclerose e doenças cardíacas.

A redenção de algumas gorduras – em moderação – está a levar à redenção dos ovos. “Como cirurgião, continuo perplexo com a forma variável como as pessoas processam o colesterol dietético. A maior parte dos médicos estão a recomendar um ovo por dia como sendo uma fonte barata e de ingerir proteínas de alta qualidade”, explicou Oz.

O médico diz que não podemos dividir os alimentos entre bons e maus, o processo é muito mais complexo. Um dos exemplos é o… sal. Também ele tem sido diabolizado. “Embora os nossos corações possam bater sem ingerirmos sal, demasiado sódio pode aumentar a nossa pressão sanguínea para níveis perigosos – mas apenas em 10% da população norte-americana. Aqui, os afro-americanos são particularmente sensíveis”, revela Dr. Oz. Mas atenção, o especialista avisa vária vezes no artigo: não se deve abusar do sal!

E dá um exemplo curioso. Apesar de o sal não dever ser diabolizado, a verdade é que qualquer pessoa hipertensa poderá beneficiar com a redução da ingestão de sal – um passo simples que, traduzido em termos de aumento de vida, significa mais cinco anos de vida para os cidadãos de 55 anos.

Também o vinho tinto foi reabilitado por Oz neste artigo, sobretudo devido à acção do resveratrol, um antioxidante que se pode encontrar na pela das uvas e que reduz o impacto do mau colesterol, o que reduz o riso de doenças cardiovasculares. De acordo com alguns estudos, o vinho tinto pode também ajudar a reduzir a obesidade e diabetes. “Devemos beber algum vinho tinto todo os dias: tem relativamente poucas calorias e dá azo a uma ressaca moderada, quando comparada com outras bebidas alcoólicas”, avisa o Dr. Oz.

E a lista de alimentos que têm sido diabolizados injustamente pelos médicos continua: chocolate (uma fonte importante de antioxidantes) e leite (pode ajudar a controlar o peso). “A chave para todos estes alimentos é a moderação”, explica Oz.

O médico alerta ainda para as dietas insustentáveis, para a forma como devemos ter uma alimentação personalizada, tendo em conta a nossa idade, e para a balança entre uma dieta alimentar e o exercício. Aqui, Oz cita um estudo lançado este Verão pela New England Journal of Medicine, que descobriu que o importante não é – apenas – a quantidade daquilo que comemos, mas a qualidade.

Os autores do estudo descobriram que os alimentos mais associados ao aumento do peso, num período de quatro anos, eram as batatas fritas, bebidas com açúcar, carne e doces. Entre os mais associados à perda de peso encontram-se iogurtes, nozes, frutas e vegetais. Mas a realidade é mais complexa.

Quando tomamos uma refeição, o nosso cérebro está à procura de nutrientes, não calorias, e leva-nos a comer até estarmos satisfeito. É por isso que é mais difícil deixarmos de comer um prato de batatas fritas ou uma taça de gelado que uma refeição de fruta ou vegetais. As comidas ricas em fibras expandem-se no estômago, tornado a digestão mais lenta e aumentando a saciedade. “Esta é a razão pela qual tento comer fruta um uma mão cheia de nozes antes de uma grande refeição. Consumir uma quantidade controlada de calorias boas, antes, ajuda-nos a evitar comer muitas mais calorias da pior espécie, depois”, explica o médico.

Finalmente, há as verdades absolutas. Aquelas que sabemos há anos e que continuam a fazer sentido: devemos comer brócolos, frutas, alimentos que nos dêem vitaminas, comer com moderação e levar a sério o exercício físico. O Centers for Disease Control and Prevention norte-americano afirma que os adultos devem ter um mínimo de 150 minutos de actividade aeróbia por semana: são duas horas e meia por semana – 20 minutos por dia. Mas muitos de nós ainda não o fazemos. Porquê?





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