Andrea Barbosa, Masterlevel: “Vamos abrir uma Green Store em Bogotá em Junho”
Como é que uma empresa que se dedica à construção civil, em Angola, e ao trading, em Portugal, entra no negócio do retalho sustentável? “Porque eu sou uma consumidora de produtos sustentáveis”, explicou ao Green Savers Andrea Barbosa, sócia e administradora da Masterlevel e responsável pelo conceito da Green Store, uma loja com produtos sustentáveis que abriu em Março em Braga.
Em Junho, a Green Store vai chegar a Bogotá (Colômbia) e, depois, a Luanda (Angola). Conheça melhor este conceito de loja que agrega todo o tipo de produtos sustentáveis – da moda, alimentação à jardinagem e decoração – e para onde ele quer ir.
Como surgiu a hipótese de inaugurarem um negócio ligado à sustentabilidade e ambiente?
A ideia partiu de mim, sócia e administrativa da empresa, pois sou consumidora de produtos sustentáveis e já conhecia alguns dos produtos que temos hoje na loja. Para mim fazia todo o sentido a criação de uma loja física pois, apesar da maior parte dos produtos estarem à venda online, comprar calçado ou roupa é algo que só o faço em lojas físicas e sei que, como eu, muitos pensam assim.
A loja é detida pela Masterlevel, que se dedica à construção civil. Por que razão entraram no negócio do retalho sustentável?
A Masterlevel dedica-se à construção civil em Angola, aqui em Portugal é uma trading. Estamos à vontade também neste sector, pois temos um cliente, em Angola, que tem uma loja de comércio com vários produtos, desde eletrodomésticos, móveis, decoração, têxteis para lar, jardim. Por outro lado, faz parte do nosso plano de internacionalização a venda de qualquer tipo de produto, independentemente do sector.
De que forma procuram fornecedores que vos possam ceder produtos para vender, qual a estratégia?
Alguns dos produtos já conhecia enquanto consumidora, outros fomos pesquisando na internet. Também usamos as redes sociais [para o fazer], pois as pequenas marcas apostam neste método de divulgação. Depois da abertura da loja fomos contactados por outros interessados em colocar os seus produtos na loja.
Trabalham apenas com fornecedores ou têm produtos próprios?
Para já trabalhamos com fornecedores, no entanto, faz parte dos planos de expansão da loja ter os seus próprios produtos.
A loja abriu há dois meses, mas já é possível perceber quais os produtos mais bem-sucedidos?
Sim, claro: as Green Boots são, sem dúvida, o produto mais apreciado. No entanto, ao conhecerem os restantes produtos os clientes ficam muito interessados.
Os produtos ecológicos são muitas vezes conhecidos por serem caros. Como tentam conciliar este facto com a concorrência que hoje existe nos têxteis e outros produtos, com preços cada vez mais baixos?
O maior entrave é a questão do preço. No entanto, verificamos que a causa está na divulgação e na sensibilização para a aquisição de produtos deste género, pois os consumidores não põem em causa, por exemplo, comprar os óculos de sol Prada ou outros por um valor acima de €200€. No caso dos nossos óculos de sol, que são feitos em madeira, artesanalmente e sem quaisquer químicos, acham caros. A questão é que as outras marcas gastam milhões a publicitarem os seus produtos, estão em todos os meios de divulgação e, no caso dos produtos sustentáveis, estes ainda não têm mercado que lhes permita esse investimento. É também por isso que a nossa loja pode ser uma mais-valia, pois vamos sensibilizando aos poucos o consumidor. E mesmo que este entre na loja e não adquira nenhum produto, ele vai conhecer o conceito e, quando ouvir que, por exemplo, uma lata de refrigerante leva centenas de anos a degradar-se, pensará certamente nos nossos produtos.
Por que razão escolheram Braga? Quais os primeiros resultados da loja?
Escolhemos Braga porque estamos aqui sediados, é a cidade em que nascemos, é uma cidade muitíssimo jovem e é os jovens que pretendemos alcançar, assim como a sua consciencialização para a necessidade urgente de mudarmos hábitos de consumo. E será através deles que as gerações futuras já vão nascer com o seu ADN sustentável.
Os primeiros resultados são bastante positivos, mas estamos a preparar uma alteração na loja que, certamente, vai contribuir para uma maior aceitação e divulgação: a possibilidade de os clientes adquirirem, na loja, um smoothie totalmente biológico, granola com iogurte natural, servidos em copo de plástico biodegradável. Hoje já há uma grande procura em alimentos saudáveis, mas vamos demonstrar que a nossa saúde não depende só daquilo que ingerimos, mas também é importante para o nosso ecossistema.
A Masterlevel está também presente em Angola e Colômbia. A Green Store pode seguir estas pisadas? Neste caso, os produtos seriam importados de Portugal ou procurados localmente?
A Green Store já abre em Junho em Bogotá, Colômbia, e Luanda também terá, num futuro próximo, uma Green Store. A ideia é trocarmos produtos: já temos a Cyclus aqui em Braga, que é uma marca colombiana que produz bolsas feitas através do reaproveitamento de pneus de camiões. A maior parte dos produtos portugueses da nossa loja de Braga vai estar em Bogotá. Iremos procurar o que de melhor se faz dentro do conceito aqui em Portugal, na Colômbia e em Angola.
E em Portugal, existe a possibilidade de a Green Store chegar a outra localidade?
Sim, claro. Já foram contactados por uma cidadã que está interessada em abrir uma Green Store em Lisboa. Estamos em fase de negociações.
Como pode um fornecedor colocar o seu produto na Green Store?
Nós temos desde calçado, vestuário, bijuteria, cosmética, óleos e sabonetes, acessórios de moda, plantas para fazer um jardim suspenso, kits para cultivar cogumelos e ervas aromáticas, granola artesanal, chás, especiarias, sal com algas e outros. Desde que se insira no conceito, temos abertura para todos os tipos de produtos, podem-nos contactar através da Masterlevel: email marketing@masterlevel.pt, pelo telefone 253926452 ou o email greenstore.braga@gmail.com.
Que conselhos dariam aos empreendedores que queiram lançar um negócio ligado aos produtos sustentáveis?
Que sejam acima de tudo consumidores de produtos sustentáveis, só assim conseguem ter a sensibilidade necessária para o conceito e transmiti-la que é fundamental para o crescimento e aceitação do negócio.
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